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Apesar da tecnologia, professora faz questão de escrever cartas: ‘Emoção’

Apaixonada por cartas, a professora aposentada Teresa Cristina Lins Sarmento, de 69 anos, faz questão de escrevê-las mesmo com o avanço dos meios modernos de comunicação. Moradora de Goianápolis, na região Central de Goiás, ela afirma que nenhuma mensagem de celular se compara à emoção de enviar e receber uma correspondência.

“Na carta, a gente fala com o coração, fala devagar. É a emoção do momento. A pessoa lê e pode guardar aquela lembrança. No ‘zap’ [ Whatsapp] as coisas passam, e eu gosto das coisas que ficam”, declara a professora ao G1.

Natural de Recife, Teresa Cristina não se esquece de quando escreveu o primeiro bilhete, aos 8 anos. Desde então, ela passou a redigir as próprias cartinhas e até para outras pessoas.

“Amo escrever. Quando eu cheguei a Goiás com meu marido fomos morar em Petrolina de Goiás. Isso há 39 anos. E eu ajudava o pessoal que não sabia escrever a escrever cartas, cartões de Natal”, se recorda.

Como Teresa Cristina se mudou para longe dos familiares, as cartas foram a saída para a troca de histórias, fotos e presentes desde a década de 70. A professora guarda com carinho as cartas que recebeu. Inclusive, ela se emociona ao mostrá-las e ao ler para o marido, o fiscal aposentado agropecuário José Ari Gonçalves, 70.

Interferência do celular
Teresa Cristina revela que com o uso do telefone e de aplicativo de mensagens do celular, foi reduzindo aos poucos a quantidade de correspondências. Atualmente, elas se resumem a cinco por mês.

Os principais destinatários de Teresa Cristina são os irmãos e sobrinhas que moram em São Luiz do Maranhão, primas que vivem em Recife, e amigas que moram no Rio de Janeiro e em Mato Grosso.

“Agora tem o ‘zap’, nessa mania de ‘zap’ o povo não escreve cartas mais, mas eu ainda mando. Uma amiga minha do Mato Grosso sempre manda porque ela não tem ‘zap’. Ela manda de dois em dois meses, mais ou menos”, conta.

A época em que a professora mais recebe correspondências é na época do seu aniversário, celebrado nesta segunda-feira, dia 26 de setembro. Ela teme que, com a falta de um carteiro fixo na cidade, não receba a tempo as mensagens.

“Eu fico preocupada em não receber minhas cartas de aniversário, mas também tem os boletos que chegam pelos Correios. É inadmissível que uma cidade não tenha carteiros fixos”, opina.


Professora Teresa Cristina, moradora de Goianápolis, Goiás (Foto: Paula Resende/ G1)

Teresa Cristina lê para o marido carta que ganhou de aluno (Foto: Paula Resende/ G1)

Correios
Goianápolis tinha dois carteiros até março deste ano, sendo que um deles pediu demissão em março e o outro se licenciou para concorrer ao cargo de vereador em agosto. Assim, de acordo com os moradores, correspondências foram se acumulando e causando prejuízos à população.

Após reclamação dos moradores, foi feita uma força-tarefa em meados de setembro e a distribuição foi normalizada na cidade. Segundo os Correios, o trabalho está sendo mantido com a presença de pelo menos um carteiro diariamente na cidade.

Os Correios defendem que “a cidade não ficou desassistida”, pois o sistema de remanejamento de carteiros foi aplicado. De acordo com a empresa, a distribuição foi prejudicada pela falta de mapa e pela numeração irregular do município, o que dificulta o trabalho de carteiros externos.

Desde a manhã de sexta-feira (23), o G1 tenta contato por telefone e e-mail com a Prefeitura de Goianápolis, mas não houve um posicionamento sobre numeração da cidade até a publicação desta reportagem.

Em Goiás, 71 cidades têm apenas um carteiro e 35, dois profissionais, segundo levantamento dos Correios. A empresa garante que eles atendem à demanda de distruibuição local e que, quando há algum desfalque, estes municípios “não ficam desamparados, pois “carteiros de outros municípios são remanejados, assim como são efetivadas operações especiais”.Professora Teresa Cristina, moradora de Goianápolis, Goiás (Foto: Paula Resende/ G1)

Professora conta que envia cinco cartas por mês (Foto: Paula Resende/ G1)

Fonte: G1

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