A Casinha Feliz

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Depoimentos

A Casinha Feliz foi feita com paciência e amor e ilustrada com desenhos cheios de poesia. Daí, o seu valor como estímulo ao jogo da criança na aventura da aprendizagem dos conhecimentos formais.

*Augusto Rodrigues- artista plástico, jornalista, caricaturista, fotógrafo. Arte educador, foi o criador do Movimento Escolinha de Arte e impulsionou a criação das escolinhas de arte para crianças no Brasil.

Há alguns anos, as professoras Iracema e Eloisa Meireles criaram um método de alfabetização que denominaram Fonação Condicionada e Repetida, cujos resultados em turmas de crianças têm sido excelentes, conforme tivemos ocasião de verificar em escolas públicas primárias comuns do Rio de Janeiro.

*Manuel Bergström Lourenço Filho – intelectual, professor primário, pedagogo, um dos signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Autor de Introdução à Escola Nova que inspirou e inspira gerações de educadores.

O método fônico é o grande veículo da alfabetização do povo.

Esta cartilha revela alma e saber, vivência e ciência de Iracema Meireles, que só planta bem. Felizes os que vão colher.

*Pedro Bloch – médico foniatra, teatrólogo, autor de livros para crianças e adultos. Um dos seus livros mais conhecidos é Criança diz cada uma. Nascido na Ucrânia e naturalizado brasileiro.

Palavra do Professor

A ALFABETIZAÇÃO EM MIM

                                                               Júlia Eugênia Gonçalves

 

O título dessa postagem é uma brincadeira que remete ao MIM – Método Iracema Meireles – do qual sou uma entusiasta há mais de 35 anos.

Vou contar esta história;

Era ainda bem moça e já nutria o desejo de ajudar, de trabalhar na educação, de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino oferecido às crianças. Por isso, junto com uma amiga de infância, Elyete Tristão Ribeiro, tomei a iniciativa de abrir uma escola de educação infantil em Niterói, Rio de Janeiro, onde cresci: a “Escolinha da Minnie”. Era o ano de 1973.

Em virtude deste envolvimento com a educação, fui instada a fazer um curso sobre um método de alfabetização, em Copacabana, sem saber o quanto aquela experiência seria significativa para mim. O curso acontecia no Instituto Sylo Meireles e a professora, Iracema Meireles, era a autora do referido método, que me encantou imediatamente.

Tratava-se de uma situação inovadora, muito criativa. A profa. Iracema havia criado um método baseado numa história singular, que se passava num cenário bucólico: ” A casinha Feliz”.

Aprendi os fundamentos do método, comprei o material e passei a utilizá-lo nas classes de alfabetização da escolinha que dirigia. O maior sucesso!

Um belo dia, sem mais nem menos, recebi um telefonema da profa. Iracema. Ela me convidava para estudar mais com ela e para ajudá-la na reestruturação do método direcionado para adultos, intitulado “É Tempo de Aprender”. Até hoje não sei por que isso se deu, mas ela me dizia que tinha percebido que eu era curiosa e com vontade de aprender e que isso a atraíra. Elogio que não valorizei tanto quanto valorizo hoje!

Nossa amizade começou a se estreitar naqueles dias em que trabalhávamos em seu sítio em Campo Grande, região oeste do Rio de Janeiro, quando aprendi com ela, antes de qualquer coisa, a paixão pela alfabetização.

Pouco tempo mais tarde, nasceu minha primeira filha e Iracema me surpreende batendo à porta de meu apartamento, em Icaraí, para visitar a neném. E me presentear com um objeto que, na época, era a maior novidade: um despertador que tinha também um rádio. Ela me disse: você vai precisar acordar muitas vezes para dar de mamar à neném e será melhor acordar com música.

Alguns anos mais tarde, precisamente em 1975, comecei o curso de mestrado em educação na UFF e minha dissertação só poderia tratar da alfabetização. Escrevi sobre “O significado da Alfabetização na Criança”, tendo como pano de fundo minha experiência com o MIM, na escolinha. Aprovada com grau máximo e recebendo elogios de Ana Maria Machado, a famosa escritora, que fizera parte da banca. Não compreendia, ainda, o significado de tudo aquilo.

Os anos se passaram, os filhos nasceram e passei a exercer a profissão de psicopedagoga, atuando em clínica multidisciplinar em Icaraí, acolhida por minha amiga Sueli Gomes Ribeiro. Sempre que trabalhava com uma criança com dificuldades de leitura/escrita e percebia que havia problemas na alfabetização, usava MIM e os problemas se resolviam, com o rostinho delas se iluminando a cada história que eu contava.

Depois de muitos anos, mudei-me para Varginha (1996), onde instituí a Fundação Aprender. Comecei um trabalho de formação de professores, atuando principalmente com docentes da rede pública. Diante das dificuldades encontradas pelos professores em alfabetizar seus alunos, passei a ensiná-los a usar o MIM.

Naquela ocasião, a internet iniciava esta beleza que é aproximar pessoas e, por seu intermédio, pude encontrar o Silo, filho da profa. Iracema, que havia retornado do exterior e se dedicava a pesquisar sobre alfabetização e a resgatar a obra de sua mãe. Infelizmente, ele veio a falecer alguns anos depois. Fiz contato com sua irmã, Eloisa, que prossegue à frente desta empreitada. Ela ratificou documento que a profa. Iracema havia me dado, atestando minha capacidade para ministrar cursos do MIM.

começou efetivamente o trabalho que, no passado, não vislumbrara: capacitar professores no método, usando o material da “Casinha Feliz” e participar da capacitação de alfabetizadores do Programa Brasil Alfabetizado, do governo federal, usando o material do “É Tempo de Aprender”.

O MIM, de base fonética, lúdico e criativo, hoje é aplicado em cinco municípios do sul de Minas, graças à ação da Fundação Aprender, melhorando os resultados da aprendizagem das crianças das redes públicas e os í­ndices do IDEB: Monsenhor Paulo, Carmo da Cachoeira, Estiva, Tocos do Moji, Bom Repouso. Com ele, o sonho da juventude se completou e a esperança da profa. Iracema se concretizou.

Eloisa Meireles

Só existirá democracia no Brasil, no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a escola pública. (Manifesto dos Pioneiros, 1932).

Os brasileiros, depois de trinta (1930), são todos filhos da improvisação educacional, que não só liquidou a escola primária, como invadiu os arraiais do ensino secundárioe superior e estendeu pelo país uma rede de ginásios e universidades cuja falta de padrões e de seriedade atingiria as raias do ridículo, se não vivêssemos em época tão crítica e tão trágica, que os nossos olhos, cheios de apreensão e de susto, já não têm vigor para o riso e a sátira.

É contra essa tendência à simplificação destrutiva que se levanta este centro popular de educação – Centro Educacional Carneiro Ribeiro. Desejamos dar, de novo, à escola primária, o seu dia letivo completo. Desejamos dar-lhe os seus cinco anos de curso. E desejamos dar-lhe seu programa completo de leitura, aritmética e escrita, e mais ciências físicas e sociais, e mais artes industriais, desenho, música, dança e educação física. Além disso, desejamos que a escola eduque, forme hábitos, forme atitudes, cultive aspirações, prepare, realmente, a criança para a sua civilização – esta civilização tão difícil por ser uma civilização técnica e industrial e ainda mais difícil e complexa por estar em mutação permanente.

E, além disso, desejamos que a escola dê saúde e alimento à criança, visto não ser possível educá-la no grau de desnutrição e abandono em que vive. Tudo isso soa como algo de estapafúrdio e de visionário. Na realidade, estapafúrdios e missionários são os que julgam que se pode hoje formar uma nação pelo modo por que estamos destruindo a nossa. (1950)

Jamais a administração escolar pode ser equiparada à administração de empresa. Em educação o alvo supremo é educando, a que tudo mais está subordinado; na empresa, o alvo supremo é o produto material, a que tudo mais está subordinado… (1968)

A escola tem, pois, de se fazer, verdadeiramente, uma comunidade social integrada. A criança vai encontrar as atividades de estudo, pelas quais se prepara nas artes propriamente escolares, as atividades de trabalho e de ação organizatória e prática, visando a resultados exteriores e utilitários, estimuladores da iniciativa e da responsabilidade, e ainda atividades de expressão artística e de fruição de pleno e rico exercí­cio de vida. Deste modo, praticarão na comunidade escolar tudo o que na comunidade adulta de amanhã terão de ser: o estudioso, o operário, o artista, o esportista, o cidadão enfim… Tal escola não é um suplemento à vida que já leva a criança, mas a experiência da vida que vai levar a criança em uma sociedade em acelerado processo de mudança. (1977)

 

Divulgar a palavra do professor Anísio Teixeira é tarefa que não carece de justificativa. Haverá sempre um bom motivo para citar este mestre da palavra que usou a sua na defesa dos valores democráticos para a educação dos brasileiros. Ricos e pobres, religiosos ou ateus, brancos, índios ou negros, Anísio Teixeira lutou para que houvesse escola pública da melhor qualidade para todos.

Onde lutou? Qual era seu campo de batalha? Ao contrário da maioria de nossa elite, Anísio Teixeira honrou os cargos que ocupou – e não foram poucos – fazendo deles uma tribuna de onde defendeu com brilho e patriotismo, a escola pública, leiga, universal, gratuita e ótima para todas as crianças brasileiras.

Anísio sonhou com uma escola séria e eficiente que não aviltasse a sua dupla função de formar/informar. Uma escola que realmente repartisse com o povo o saber acumulado da civilização. Uma escola onde as crianças pobres tivessem acesso aos bens culturais da humanidade, os quais estão sempre disponíveis às crianças das classes privilegiadas que podem viajar, ir a teatros, cinemas, museus, bibliotecas etc.

Nesta homenagem, unem-se o público e o particular. Anísio Teixeira dispensa apresentações e justificativas para ser homenageado. Isto é público. O particular é o nosso agradecimento.

No início de 1963, ainda à frente do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos – INEP, Anísio teve notícia de um novo método de alfabetização que, além de muito eficaz, encantava as crianças que aprendiam a ler, através de suas atividades lúdicas e criadoras. Quis conhecê-lo de perto e abriu as portas da Escola Parque para a nova metodologia, o Método Fônico de Iracema Meireles.

Sob a direção de Carmen Spínola Teixeira, funcionava na Bahia a talvez mais bela realização pedagógica de que se tem notícia no Brasil: o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, mais conhecido como Escola Parque. Constava de três escolas-classe e da escola-parque e atendia à população de três bairros populares de Salvador. As crianças recebiam ali uma educação integral e ficavam ocupadas o dia inteiro. As que estudavam pela manhã nas escolas-classe, frequentavam a escola-parque à tarde e vice-versa. Na escola-parque, aprendiam ofícios e faziam dança, desenho, pintura, escultura, teatro, cinema, esporte, música etc.

Nas escolas-classe, desenvolveu-se a experiência-piloto com o novo método de alfabetização de Iracema Meireles. E foi precisamente por causa dos excelentes resultados desta experiência que saiu a primeira edição da cartilha A Casinha Feliz, publicada pelo INEP, a pedido de seu diretor, Anísio Teixeira.

Agradecemos a Anísio Teixeira, pela oportunidade ímpar de participar do seu sonho de escola e pela alegria de ver A Casinha Feliz editada.

Nossa homenagem àquele que foi um dos maiores educadores do Brasil.

¿Cuanto hace que no experimentamos el placer de recibir una carta manuscrita en letra cursiva?

¿Cuánto hace que no experimentamos el placer de recibir una carta manuscrita enletra cursiva? La caligrafía es una habilidad humana en rápida extinción, porque yacasi no se enseña en las escuelas. Cuando se emplea una lapicera, en general se lohace para escribir con letra de imprenta. Stefano Bartezzaghi y Maria Novella de Luca, periodistas italianos interesados en el tema, preguntan si la preocupación por el ocaso de la escritura cursiva responde a la nostalgia o constituye una emergenciacultural. Muchos expertos se inclinan por la última alternativa. En Inglaterra se vuelve a usar la estilográfica para que los estudiantes aprendan la grafía. En Francia también se considera que no se debe prescindir de esa habilidad, pero allí elproblema reside en que ya no la dominan ni los maestros. Aunque el mundo adulto no está aún preparado para recibir las nuevas inteligencias de los niños producto de la tecnología, la pérdida de la habilidad de la escritura cursiva explica trastornos delaprendizaje que advierten los maestros e inciden en el desempeño escolar.

En la escritura cursiva, el hecho de que las letras estén unidas una a la otra por trazos permite que el pensamiento fluya con armonía de la mente a la hoja de papel. Al ligar las letras con la línea, quien escribe vincula los pensamientos traduciéndolosen palabras. Por su parte, el escribir en letra de imprenta, alternativa que se ha ido imponiendo, implica escindir lo que se piensa en letras, desguazarlo, anular eltiempo de la frase, interrumpir su ritmo y su respiración, Si bien ya resulta claro que las computadoras son un apéndice de nuestro ser, hay que advertir que favorecenun pensamiento binario, mientras que la escritura a mano es rica, diversa, individual, y nos diferencia a unos de otros.

Habria que educar a los niños desde la infancia en comprender que la escritura responde a su voz interior y representa un ejercicio irrenunciable. Es ilógico suponerque la tendencia actual se revertirá, pero al menos los sistemas de escritura deberían convivir, precisamente por esa calidad que tiene la grafía de ser unlenguaje del alma que hace únicas a las personas. Su abandono convierte al mensaje en frío, casi descarnado, en oposición a la escritura cursiva, que es vehículoy fuente de emociones al revelar la personalidad, el estado de ánimo. Posiblementesea esto lo que los jóvenes temen, y optan por esconderse en la homogeneizaciónque posibilita el recurrir a la letra de imprenta.

Porque, como lo destaca Umberto Eco, que interviene activamente en este debate, la escritura cursiva exige componer la frase mentalmente antes de escribirla, requisito que la computadora no sugiere. En todo caso, la resistencia que ofrecen lapluma y el papel impone una lentitud reflexiva. Muchos escritores, habituados a escribir en un teclado, desearían a veces volver a realizar incisiones en una tabletade arcilla, como los sumerios, para poder pensar con calma. Eco propone que, asícomo en la era del avión se siguen tripulando barcos a vela, sería auspicioso que losniños aprendieran caligrafía, para educarse en lo bello y para facilitar su desarrollopsicomotor.

Como en tantos otros aspectos de la sociedad actual, surge aquí la centralidad deltiempo. Un artículo reciente en la revista Time, titulado Duelo por la muerte de laescritura a mano, señala que es ese un arte perdido, ya que, aunque los chicos loaprenden con placer porque lo consideran un rito de pasaje, “nuestro objetivo es expresar el pensamiento lo más rápidamente posible. Hemos abandonado la bellezapor la velocidad, la artesanía por la eficiencia. Y, si – admite su autora, Claire Suddath -, tal vez seamos algo más perezosos. La escritura cursiva parece condenada a seguir el camino del latin: dentro de un tiempo, no la podremos leer“. Abriendo una tímida ventana a la individualidad, aún firmamos a mano. Por poco tiempo.

Guillermo Jaim Etcheverry

Doctor en Medicina Graduado con diploma de honor de la Facultad de Medicina de laUniversidad de Buenos Aires.
Miembro de número de la Academia de Educación y de la Academia de Artes y Ciencias de la Comunicación.
En 2002 fue elegido rector de la Universidad de Buenos Aires

Desespero… Vontade de abandonar tudo. Quando uma alma boa me falou sobre a Casinha Feliz

Professora Eloisa,

Agradeço muito seu trabalho.

Em 1992, entrei para o município do Rio de Janeiro como professora de alfabetização, sem ter tido, nos três anos de formação, uma aula sequer desta disciplina. Reinava o construtivismo. Como aplicar aquilo que não se conhece? Desespero… Vontade de abandonar tudo. Quando uma alma boa – sempre tem alguém por nós – me falou sobre a Casinha Feliz. Me emprestou o material um pouco sofrido… rsrsrs mas através dele alfabetizei todos aqueles trinta alunos no meu primeiro ano de magistério, e hoje são incontáveis os alunos alfabetizados por mim.

Muito muito obrigada,

Cristiane Pinto Norris

As crianças aprendem rapidamente e se apropriam desde cedo da língua materna

Eloisa,

Fiquei superfeliz em saber que a nossa cartilha será editada novamente. Parabéns! Com a inclusão da criança de 6 anos no Ensino Fundamental amparada por uma legislação, não encontro outro método que venha atender a esta faixa etária de maneira eficaz e lúdica como o da Casinha Feliz. As crianças aprendem rapidamente e se apropriam desde cedo da língua materna, que é um dos objetivos do governo.

Em homenagem às nossas mães, encerro a minha Faculdade este final de ano e por ter tido uma experiência positiva e sempre maravilhosa nesses 40 anos de sala de aula com o Método Iracema Meireles, escolhi como tema do TCC “Alfabetização pelo método fônico, uma inclusão eficaz da criança de seis anos no Ensino Fundamental”.

No artigo, conto um pouco da minha experiência, cito Alessandra Capovilla, D. Iracema e você. Ainda estou em fase de projeto mas gostaria, se fosse possível, que você me enviasse algum subsídio para incluir no meu Artigo. Ficaria muito grata mesmo!

Conte comigo para o que precisar e saiba que, apesar de toda a pressão que sofremos em Salvador, jamais deixei de acreditar e aplicar o método lá na escola.

Vamos nos comunicar por e-mail.

Um beijão,

Gilda

A rapidez com que os alunos se alfabetizam favorece sua autonomia e abre imensas possibilidades

A Casinha Feliz

Leda Fraguito Esteves de Freitas*

A Casinha Feliz é mais do que uma cartilha. É um conto infantil que mostra a vida de uma família e se desenvolve através de teatro, jogos e brincadeiras. Por isso, a sala de alfabetização se transforma num espaço interativo de aprendizagem, sonho de todo educador.

As crianças se envolvem na experiência fascinante da leitura e da escrita e os resultados são alcançados com rapidez e eficácia.
O método proposto pela Casinha Feliz, gestado ao longo de muito estudo e observação do comportamento infantil, é, na sua essência, lúdico.

No entanto, o que de completamente novo e diferente no método. É que as letras são personagens da história e aparecem associadas a imagens que sugerem sons: as figuras-fonema.

No uso da figura-fonema, reside o segredo da eficácia deste método.

Nele, é essencial o surgimento da letra como personagem que tem vida, características próprias e que pode ser vista, escutada, tocada, apalpada, sentida, acariciada e até cheirada pelas crianças. Alguns têm, mesmo, sua canção ou seu perfume e todas, com exceção da cadeirinha (que é o h), têm seu barulhinho que é o som característico do fonema.

Interessante é observar quão moderna é a proposta desse método criado hámais de quarenta anos: as letras são personagens que, integrados à vida cotidiana ou servindo a histórias fantásticas, dialogam com as crianças e com os adultos que vivem na Casinha Feliz e com as crianças e os adultos na sala de aula.

Esta forma de trabalhar a letra torna mínima a necessidade de memorização e possibilita apresentar vários fonemas em um mesmo dia com sucesso.

A rapidez com que os alunos se alfabetizam favorece sua autonomia e abre imensas possibilidades ao desenvolvimento da leitura e à produção dos mais diferentes tipos de texto ao longo do ano letivo. Para tanto, a sala de aula de A Casinha Feliz deve ser, desde o primeiro dia, o lugar do livro de história, da gravura, do poema, do texto ilustrado pelas crianças, da pesquisa no jornal e na revista, das lendas e parlendas, das adivinhações, do desenho, da pintura, da expressão do próprio pensamento e do diálogo com o outro.

*Leda Fraguito Esteves de Freitas É Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fui a Primeira professora do projeto de alfabetização Abre-te, sésamo!

Meu nome é Mara Bianca Santos Lopes, moro em Pirapora-MG.

Fui a primeira professora do Projeto de Alfabetização Abre-te, Sésamo! (1999),que tinha como foco a alfabetização de crianças com defasagem série/idade, já com 4 ou 5 anos na primeira série do Ensino Fundamental.

O projeto adotou o Método Fônico de Iracema Meireles, com A Casinha Feliz. Eu só tinha em mãos um livro do professor e uma cartilha desmanchando de tão velhos que estavam. O apoio da equipe de coordenadores contribuiu muito para o desenvolvimento e sucesso do trabalho e para o meu aprendizado pessoal. O material que confeccionamos e a minha vontade de fazer resultaram num enorme sucesso.

Eu acreditava muito no trabalho, fui alfabetizada com A Casinha Feliz. A primeira turma do Projeto teve 93,5% dos alunos alfabetizados ao final de 145 dias.

Depois disso, já desenvolvi o trabalho outras vezes e participei de um curso dado pela equipe da Casinha Feliz aqui em Pirapora.

A boa notícia é que vamos agora retomar o Projeto na Secretaria Municipal de Pirapora, visando a melhorar os nossos resultados IDEB.

Atenciosamente,

Mara Bianca

Dicionário de Educadores no Brasil – da Colônia aos dias atuais Editora UFRJ MEC INEP, Rio de Janeiro, 2002

Em terras pernambucanas, no Recife, nasceu Iracema Elisa da Silva, em 17 de março de 1907. Seus pais, Tito Lívio da Silva e Maria Joana Guerra da Silva, tiveram vários filhos, mas apenas três chegaram à fase adulta: Eulália, Luiz e Iracema, a mais nova.

Casou-se com Sylo Furtado Soares de Meireles, passando a usar o nome completo do marido: Iracema Furtado Soares de Meireles. O casal teve dois filhos: Eloisa e Silo, e seis netos: Heloísa, Marta, Sylo, Silo, Clarisse e Viviana.

Iracema foi criança frágil, razão pela qual só frequentou a escola menina crescida. Adorava correr pelo quintal da casa. Ali brincava, tendo em Luiz não só um irmão, mas um companheiro e cúmplice frente à sua curiosidade e fantasia. Aventuravam-se pelo quintal, subindo nos arvoredos. Cada um tinha uma árvore predileta e era na altura de suas copas que eles se comunicavam, dialogando e expandindo sua imaginação. A árvore era casa, escritório, escola, local de leituras. Ali Iracema lia histórias, os contos maravilhosos, e aprendia as primeiras lições.

Iracema já chegou à escola sabendo ler com desenvoltura, num pensar livre. Mais tarde, sua família transferiu-se para Salvador. Estudou e formou-se na Escola Normal da Bahia (1926).

De volta a Recife, fez o Curso Pedagógico equivalente hoje ao de Pedagogia no Colégio Pritaneu. Destacou-se como aluna brilhante, despertando a atenção dos professores que a admiravam pela inteligência e capacidade de propor questões. Debatia, então, os papéis que a sociedade atribuía a homens e mulheres.

Solidarizava-se com os excluídos da sociedade. Chamava atenção pela sua fala, seus pontos de vista e pelo profundo respeito que dispensava a qualquer pessoa, independente da maneira de ser e de se posicionar no mundo.
Viajou à Europa, demorando-se em Portugal, na França e na Alemanha. Esta viagem teve influência na sua formação.

Muito jovem, submeteu-se a concurso para professora primária e começou a lecionar na rede pública do Estado de Pernambuco. Dava também aulas particulares para filhos de famílias da elite intelectual, o que a levou a conhecer pessoas diversas e a participar de reuniões nas quais eram discutidos problemas de toda ordem. Daí, talvez, sua inclinação, para as questões políticas e sociais.

Em meio às suas indagações, veio também a religiosa. Mesmo de família católica, educada em colégio de freiras, a jovem Iracema se entusiasmou com o marxismo e tornou-se simpatizante do Partido Comunista. Sensível às condições de miséria e exclusão dos seus alunos da escola pública, das condições dos meninos que nem escola tinham, passou a acreditar que o caminho para a integração daquelas crianças seria a mudança de regime político. Entrou na luta por uma justiça social que pudesse melhorar a vida das populações marginalizadas.

Não era uma radical, mas se empenhou sinceramente por uma democracia que se estendesse do nível político ao econômico e social. E acreditava que o caminho era o socialismo. Nunca se filiou ao Partido Comunista, mas os amigos e parceiros de ideias respeitavam suas opiniões. Em decorrência da confiança que nela depositavam, Iracema assumiu a responsabilidade de alugar uma casa para um companheiro clandestino que chegara da União Soviética com a missão de ajudar a organizar o movimento comunista em Pernambuco.

Foi assim que Iracema conheceu Sylo Meireles, que veio a ser seu marido e pai de seus dois filhos. Pouco depois, eclodiu o movimento comunista de 1935. Derrotado o movimento, Sylo foi preso e Iracema demitida do serviço público do Estado. Nesse tempo, além de ser professora, estudava Medicina. Parou tudo e passou a se envolver com as lutas pela garantia de vida dos presos políticos.

A repressão do Governo Vargas se intensificava e os boatos de que iam fuzilar os líderes do movimento a deixavam desesperada. Sylo Meireles estava na prisão, incomunicável, e assim ficou por dois anos. O casal ficou sem se ver. Da família, apenas o irmão Luiz sabia da relação entre os dois.

Em 1938, Sylo foi transferido para um pavilhão coletivo na mesma prisão, momento em que Iracema voltou a vê-lo e suas visitas à penitenciária representavam um conforto não apenas para Sylo, mas para todos os companheiros. Nessas ocasiões, ela presenteava-os com lápis-portadores-de-mensagens. Retirava os grafites e, no vazio, colocava com cuidado e disfarce as notícias dos jornais. Foi a forma que encontrou de colocar os amigos presos a par da situação política do momento.

Resolveram casar-se no civil e passaram a ter maiores regalias no horário de visitas. Devido ao seu estado de saúde, Sylo foi transferido para uma prisão hospitalar, no Rio de Janeiro. Iracema conseguiu, através de amigos, uma licença especial para acompanhá-lo, já na condição de esposa. O casal passou a noite de núpcias na Casa de Saúde São Jorge, no Andaraí.
Neste mesmo hospital, em 1940, nasceu a primeira filha, Eloísa, que futuramente seria sua companheira no trabalho de educação e seguidora de sua obra.

Em apartamento alugado por seu irmão Luiz no mesmo bairro do Andaraí, pôde Iracema dar maior assistência a Sylo, preso e doente no hospital.

Após a liberdade do marido e agora com mais um filho recém-nascido, Iracema passou por momentos delicados ante a dificuldade de conseguir emprego, até que Sylo foi convocado por seu amigo João Alberto Lins de Barros para trabalhar na Fundação Brasil Central, em Caiapônia, Goiás. Só então Iracema pôde retomar o trabalho de educação. Aproximou-se de um grupo escolar da cidade e atuou voluntariamente.

Meses depois, a família se transferiu para Uberlândia, Minas Gerais, onde Sylopassou a exercer a função de chefe do escritório local da Fundação Brasil Central. Ali, morando em uma chácara fora da cidade, Iracema Meireles começou a dar aulas para pessoas da redondeza, e, em casa, alfabetizou a filha.

De volta ao Rio de Janeiro, em 1948, tentou sem sucesso, ingressar no ensino público do Distrito Federal. Não havia concurso, não havia possibilidade de transferência por ter sido demitida em seu estado natal. Era uma entusiasta da matemática. Preocupava-se em encontrar diferentes alternativas para resolver os problemas. Gostava da eficácia dos jogos que impulsionam ludicamente as soluções. Sua acuidade social e humana levou-a gradativamente a refletir sobre alfabetização, especialmente daqueles que não conseguiam aprender na escola.

A partir da década de 50, a alfabetização tornou-se o cerne dos seus interesses de estudo. Lia tudo a respeito, acompanhava as experiências pioneiras da Escola Guatemala e começou a pôr em prática suas ideias sobre o assunto com um grupo de crianças. Tinha sensibilidade bastante aguda e a prática de sala de aula necessária para saber que alfabetizar em grupo é bem diferente de alfabetizar uma criança isolada.

Na alfabetização individual, dizia ela, o professor pode prescindir até de método. Basta acompanhar a criança e colocar desafios de leitura em seu caminho. Já num grupo, se o professor não descobrir a forma de atingir todas as crianças, fatalmente muitas ficarão para trás. Daí a necessidade de um método.

Em 1952, colaborou na fundação de um colégio em Lins de Vasconcelos. Ali começou a experimentar caminhos que trouxessem maior consistência à sua pesquisa no trabalho de alfabetização em grupo.

Percebe-se então a futura opção pelo método fonético. Utiliza o método de sentenciação, mas dá ênfase ao ensino das relações entre os sons da fala e as letras. Envolve letras e grupos de letras com figuras que sugerem seus sons. Apresenta estas figuras de forma individualizada e numa sequência pré-estabelecida. Estimula o reconhecimento e a emissão dos fonemas.
Encoraja a leitura oral de palavras e frases. Usa estratégias para desenvolver a compreensão do que é lido. Em paralelo, trata da aquisição da habilidade da escrita (Meireles Filho, Silo. 2002)

Em 5 de julho de 1954, fundou a Escola de Brinquedo, em Ipanema, onde se propunha realizar uma experiência de aprendizagem ligada ao jogo. Criava formas fáceis e divertidas de ensinar coisas difíceis. As crianças embarcavam com ela nessa aventura de aprender. Uns iam mais depressa, outros mais devagar, todos chegavam, porque ela acreditava e punha em prática os recursos de que o professor deve lançar mão para ir “lá no fundo” de cada criança, atingindo o seu potencial, às vezes adormecido e despercebido.

Acreditava que a aprendizagem é também condição para o desenvolvimento. Fazia da sala de aula o local da aprendizagem como espaço de descoberta, onde a mola propulsora era a curiosidade de aprender. O simples nome Escola de Brinquedo reflete a importância do ato de brincar como força interna no crescimento da criança

Nessa escola, Iracema intensificou suas buscas e iniciou uma fase importante de investigação dedicada à alfabetização. Em 1957, interrompeu seu trabalho por conta da doença e morte de seu marido, o que a abalou profundamente.
A Escola de Brinquedo passou a se chamar Instituto Sylo Meirelles, com grafia original do nome de seu marido.

Iracema se pôs inteira na alfabetização. Observando as turmas que aprendiam a ler notou que as crianças, além de gostarem, não esqueciam a história: história que conduziria à sentença e, também, ao jogo, ao brinquedo; “mesmo porque, para a criança, o brinquedo é uma forma embrionária de trabalho”
(Meireles, 2000, p.31), assegurava Iracema. Foi por aí que avançou, dando um grande salto: passou a contar histórias para apresentar as letras. Era a Casinha Feliz, história que motivava a alfabetização.

“Foi uma ousadia para a época. Da história à letra. Da letra à palavra. As crianças aprendiam a ler com tal rapidez que a própria Iracema se espantava” (Meireles, 2000, p.28).

Mas Iracema queria mais, pretendia voltar às escolas públicas. Em 1961, deu-se a experiência em classe de alfabetização com crianças da Escola Municipal Arthur Ramos, sob a direção da professora Francisca Horácio, que abriu as portas para o novo método. Houve grande repercussão e a Chefia do Distrito Educacional enviou relatório para a Escola Guatemala, eixo experimental e centro de estudos da Secretaria de Educação. A notícia do novo método chegou ao MEC.

Em 1962, o MEC acompanhou uma turma de crianças se alfabetizando pela Casinha Feliz na Escola Municipal Parque Proletário da Gávea. A professora Consuelo Pinheiro, que supervisionou o trabalho, registrou em relatório: “O método de Iracema Meireles difere de qualquer outro processo do meu conhecimento” (Meireles, 2001).

Com base no bom resultado da experiência observada melo MEC, a professora Carmem Teixeira, diretora do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, Bahia, decidiu utilizar o novo método de alfabetização nas Escolas-Classe.

Foi nessa ocasião que o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) levantou uma questão: como são alfabetizadas as crianças do Centro Educacional Carneiro Ribeiro? Em resposta a essa indagação, a Professora Terezinha Éboli, então Coordenadora de Cursos de Aperfeiçoamento do Magistério no Centro Regional de Pesquisas Educacionais da Bahia, assinala que “a maioria é alfabetizada pelo método fônico” (Éboli, 2000, p.21). Era o método de Iracema Meireles.

Como consequência da experiência realizada na Bahia, saía em outubro, a pedido do educador Anísio Teixeira, a primeira edição da cartilha, publicada com o nome de História da Casinha Feliz, em 3 volumes, 4 cores, ilustrada por Aldemar d’Abreu Pereira, uma edição do INEP/MEC que não podia ser comercializada.

Em março de 1963, Iracema apresentava, pela primeira vez, seu método à imprensa, ao ser entrevistada pela Revista do Ensino, em reportagem que repercutiu por todo Brasil:

Não inventei nada. Na minha vida de magistério, aprendi a observar a criança, o seu modo de agir e reagir, as suas dificuldades pessoais (…). Creio que a professora é tanto mais professora quanto mais ou melhor entende os seus alunos. O êxito da criança na aprendizagem (portanto êxito também da professora) depende muito mais do que a professora recebe da criança, do que daquilo que ela lhe dá. Se a mestra sabe receber, isto é, aceitar o aluno como ele é, atentar para o que ele traz ou necessita, então tudo dá certo. Como considerar novo nosso método se, durante mais de dez anos, nós o aprendemos, nós o estudamos em um livro imenso e belo – a criança? Nosso, era só o empenho, o propósito de proporcionar às crianças que aprendiam a ler e a escrever uma situação emocional boa, ou mesmo ótima, se possível. Mas isso só se consegue com um mínimo de esforço de memória e o máximo de interesse.

O método Iracema Meireles global-fonético caracteriza-se pela originalidade, leveza e eficácia. Tem como ponto de partida a letra contextualizada. Essas letras são apresentadas como personagens do cotidiano, cujas imagens contêm os grafemas e cujas vozes sugerem os fonemas. Da união desses personagens, que a autora chamou de figuras-fonema, surgem as palavras.

A associação dos fonemas a imagens do cotidiano permite que as letras se aproximem do aluno de forma lúdica, tornando a aprendizagem fácil, prazerosa e rápida. A escrita acompanha a leitura e a duração média do processo de alfabetização é de três meses, com os alunos lendo e escrevendo textos com autonomia.

O método Iracema Meireles favorece a aquisição e o desenvolvimento da consciência fonêmica e utiliza a instrução fônica sistemática sintética. O lúdico e o multissensorial contornam a aridez da memorização da relação grafema-fonema e são catalizadores da motivação e do aprendizado. (Meireles Filho, 2002)

A partir daí, o trabalho de Iracema Meireles se expandiu. Carregando sua maleta “cheia de histórias e personagens”, ela esboçou uma trilha e travou uma luta. Como se fora um D. Quixote de La Mancha, como uma andarilha, levou para diferentes ambientes seus sons e letras, criando e contando histórias, a partir do interesse do seu ouvinte. Assim, ela chegou às favelas, alfabetizando, em 1962, crianças e adultos na Catacumba e na Praia do Pinto.

Na Escola Bombeiro Geraldo Dias, em 1962, alfabetizou crianças repetentes com distúrbios de conduta. No hospital de Curicica, no Rio de Janeiro, fez um trabalho de alfabetização com adultos doentes de tuberculose em 1965. Na Escola Cócio Barcellos, alfabetizou adultos do curso supletivo, em 1966.
Entre 1967 e 1970, continuou o seu trabalho envolvendo crianças, adultos, idosos, funcionários civis e soldados.

Da experiência com os soldados, resultou a Cartilha do Soldado, com apresentação do Professor Lourenço Filho:

Há alguns anos, as Professoras Iracema Meireles e Eloísa Meireles Gesteiracriaram um método de alfabetização (…) cujos resultados em turmas de crianças têm sido excelentes, conforme tivemos ocasião de verificar em escolas primárias comuns.
… o material linguístico selecionado e graduado aproveita as vantagens de nossa língua, na aprendizagem em vista, quais sejam as de regularidade fonética e composição silábica regular da maioria das palavras.
Nos países de língua de escrita fonética quase regular, como o português e o espanhol, a adoção de tal forma didática se impõe, pois desprezá-la seria como um contrassenso. (Lourenço Filho, 1972, p. 78)

A Casinha Feliz foi editada comercialmente em 1970, pela Editora Record, com ilustrações bem próximas da criança, de Maria Dolores Coni Campos. As 34 edições, de 40 mil exemplares cada, passaram por contínuas revisões. A partir de 1999, a Editora Primeira impressão assumiu a responsabilidade de publicá-la. Hoje, a publicação é feita pela ISM Editora.

O Trabalho de Iracema Meireles difundiu-se por todo o Brasil. Como era extremamente ligada às questões sociais e sempre preocupada com o destino do País, fez da ação pedagógica seu instrumento de luta política. Aquela jovem militante de esquerda do passado deslocou o eixo de sua atuação. Foi categórica: “minha luta é pela alfabetização dos brasileiros” (Meireles, 2001)

Apreciando o Método de Iracema Meireles, o Professor Rocha Lima assim se expressou:

…a meio caminho dos processos clássicos da soletração, da silabação e da globalização, não se acorrenta ortodoxamente a nenhum deles, porém não deixa de aproveitar, em suas grandes linhas, alguma coisa da filosofia que a cada um deles lastreia. Mas dá um passo adiante: além de assentar em recursos lúdicos sobremodo criativos, associando a imagem acústica à imagem visual por intermédio do conceito de figura-fonema, observa, com rigorosa exatidão, as oposições características do sistema fonológico do idioma, o que, a meu ver, seria suficiente para assegurar-lhe a eficácia. (Rocha Lima, 1967).

A luta de Iracema pela escola pública se deu no corpo-a-corpo com o aluno. Passou toda a vida indo aos mais distantes lugares para atender chamados que vinham do Brasil inteiro. Capacitou professores e agentes comunitários, sempre sensível à dimensão política.

Estudava e lia regularmente, acompanhava os desenvolvimentos teóricos da pedagogia contemporânea. Fez outros cursos, como Fonoaudiologia, aos 60 anos de idade.

Seu objetivo sempre foi aprender mais para ensinar melhor. Onde houvesse alguém para aprender, ela iria a fim de ensinar. Segundo ela, não havia criança, jovem ou adulto que não pudesse ser estimulado a aprender a ler. Era hábil em descobrir o “jeito” de cada um. Andou por todo o País, levando sua palavra de entusiasmo a quantos a convidavam.

Jamais recebeu pagamento por esses cursos e trabalhos. Nem exerceu cargos públicos. Sua única e permanente tribuna foi a sala de aula; quando não o era formalmente, fazia com que se tornasse. Assim, alfabetizou em varandas, debaixo de árvores, à beira da praia. Sua capacidade de escutar e respeitar o outro era marcante. Trabalhou atenta às dificuldades e diferenças individuais dos alunos. Quem conviveu com ela no seu cotidiano testemunhou a coerência entre pensamento, ação e vida, a começar pela delicadeza com que tratava aqueles que a serviam.

Era permanente sua inquietude com a condição de marginalização a que ficam relegados aqueles que têm baixo ou nenhum poder aquisitivo.

No I Congresso Brasileiro de Terapia da Palavra, em 1969, no Rio de Janeiro, Iracema fez pronunciamento centrado na alfabetização. Em determinado momento, ressaltou:

Num país como o nosso, onde o analfabetismo desgraçadamente atinge os tristes índices tão nossos conhecidos, o problema da alfabetização do adulto apresenta-se de magna importância. Pode e deve ser considerado verdadeiro problema de defesa da nossa nacionalidade. Na qualidade de velha professora primária, cuidando nos últimos anos em especial de alfabetização, não posso deixar de voltar os olhos com tristeza para o analfabeto adulto de nossa terra, vendo-o ainda tão numeroso, quase às portas do ultimo quartel do século XX(Meireles, 1969)

Iracema Meireles recebeu em 1971, a Medalha do Pacificador, conferida pelo Ministro do Exército em virtude dos relevantes serviços prestados à alfabetização de adultos. Ao caminhar pelo Brasil, marcou uma trajetória de iniciativas e ações dedicadas à educação e à questão social. Indo ao encontro daqueles que precisavam sair da marginalização, como os analfabetos. Ela afirmava que “a alfabetização é condição quase imprescindível para a conscientização do indivíduo” (Meireles, 2001).

Lutou tenazmente pela dignidade do ser humano que precisava tornar-se um leitor consciente e participativo nas mudanças do seu país.

Criou um método de alfabetização que, depois de sua morte, passou a chamar-se Método Iracema Meireles. Escreveu cinco livros:
A Casinha Feliz, É tempo de Aprender, Histórias da Vovó Marieta, Outras Histórias da Vovó Marieta e Novas Histórias da Vovó Marieta.

Na ISM Editora, encontra-se o acervo da família, dele constando registros da vida e da obra de Iracema Meireles. São cartilhas, depoimentos, avaliações, relatórios, fotos, cartas de pessoas e de alunos que falam sobre o seu trabalho na educação.

O método fônico idealizado por ela é aplicado no Brasil em amplitude considerável e inquestionável eficácia.

Morreu em 9 de março de 1982, no Rio de Janeiro.

Referências Bibliográficas:

Éboli, Terezinha. Uma experiência de educação integral; Centro Educacional Carneiro Ribeiro. 4 ed. Rio de Janeiro: Gryphus, p 21, 2000. Iracema Meireles. Revista do Ensino. v. 12, n.90. Rio Grande do Sul: Secretaria de Educação e Cultura, p. 10, mar 1963. Lourenço Filho, Manoel Bergström. Parecer técnico sobre o método de alfabetização de Iracema Meireles e Eloísa Meireles Gesteira. Rio de Janeiro. Acervo da família, 1965. Meireles, Eloísa. Curso de formação de alfabetizadores pelo método Iracema Meireles. Rio de Janeiro: Editora Primeira Impressão, p.28 e 31, 2000._. Entrevista concedida à autora do verbete. Rio de Janeiro, set. 2001. Meireles, Iracema. O disléxico adulto e sua alfabetização. In: I Congresso Brasileiro de Terapia da Palavra. Rio de Janeiro, 1969. Meireles Filho, Silo. Depoimento concedido à autora do verbete. Rio de Janeiro, jan. 2002. Rocha Lima, Carlos Henrique da. Parecer Técnico sobre o Método Iracema Meireles. Rio de Janeiro. Acervo da família, 1967.

Maria Dolores Coni Campos é educadora, mestra em educação, especialista em leitura, teoria e prática em Educação infantil. Tem artigos publicados em revistas, livros e jornais. É autora de Conversas com a Bahia: história de Lena, Elza e Zara. Ilustradora de A Casinha Feliz. Realiza trabalhos em Encontros de Conversas quando troca experiências.

Email para contato: mariadoloresconicampos@gmail.com

“O que de melhor podem fazer as escolas, das classes primárias à universidade, se não ensinar a ler?

Eloisa Meireles

Depois de longa (longuíssima) experiência dentro das salas de aula, sinto-me com certa autoridade para recomendar aos moços, especialmente os estudantes de letras e os novos colegas licenciados, uma atitude de sacramental humildade diante da língua portuguesa, que se propõem a ensinar. Pois a verdade é que, havendo eu dedicado a vida inteira, dia após dia, hora e mais hora, sem pausa nem fadiga, a estudá-la apaixonadamente, convenço-me, a cada momento que passa, de quanto ainda me falta para possuir o tesouro das peculiaridades e sutilezas de seus opulentos meios de expressão.
Rocha Lima


Com seu estilo apaixonado e sempre elegante, o Professor Rocha Lima dirige-se aos professores de Português e, indiretamente, aos alfabetizadores – que são os primeiros professores da língua portuguesa – pois a alfabetização é passo decisivo no caminho de quem quer desvendar e possuir o tesouro do idioma.

Rocha Lima dedicou-se ao magistério durante toda a vida. Foi livre docente do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense, catedrático do Colégio Pedro II, professor titular da Faculdade de Humanidades Pedro II, do Instituto Rio Branco e do Instituto de Educação. Autor de numerosos trabalhos filológicos, literários e didáticos, destacando-se a Gramática Normativa da Língua Portuguesa.

Carlos Henrique da Rocha Lima nasceu a 22 de outubro de 1915, no Rio de Janeiro e morreu a 22 de junho de 1991, no momento em que fazia conferência sobre um poema de Manuel Bandeira na Casa de Ruy Barbosa, no Rio de Janeiro.

A poesia era uma de suas grandes paixões, como ele próprio revela:
território da minha amada predileção: o mundo irrevelável da poesia.
Todo poema, com os seus cantos escuros, é um enigma da linguagem: e, como tal, passível de interpretações variadas.

Palavras de Rocha Lima sobre o Método Iracema Meireles:

Já tem cabelos brancos esta célebre frase de Emerson: “O que de melhor podem fazer as escolas, das classes primárias à universidade, senão ensinar a ler?“.

Desde a aquisição inicial da habilidade de ler, ou seja, o milagre da alfabetização, até a arte superior da leitura expressiva para o efeito de interpretação artística, o problema ensinar/aprender esta difícil técnica continua a desafiar (e apaixonar) linguistas, pedagogos e psicólogos.

O milagre da alfabetização! Este, realmente, o problema dos problemas ozênite e o nadir, o alfa e o ômega. Eis por que, em pleno último quartel do século XX, ainda permanece aberto o velho debate em torno dos métodos de ensino da leitura.

Das modernas conquistas da Lingstica, a ciência que maior desenvolvimento tem apresentado em nosso tempo, a lição mais importante (e até certo ponto paradoxal!) que podemos extrair é a de que, à medida que se substituem umas às outras, as especulações teóricas sobre o funcionamento da linguagem, o deslumbramento (transitório) do “novo” vai cedendo lugar à ressurreição de muitas teses tidas por “superadas”, as quais, por alicerçarem em longa experiência, aí estão, vivas, a subministrar elementos para contrabalançar o radicalismo de várias posições tidas por definitivas. Haja vista a doutrina de Chomsky, cujas raízes entroncam em essência, nas ideias de Port-Royal…

Estas reflexões foram suscitadas pelo exame, a que procedi, do mais recente dos métodos propostos para a iniciação à aprendizagem da leitura MétodoIracema Meireles que, a meio caminho dos processos clássicos da soletração, da silabação e da globalização, não se acorrenta ortodoxamente a nenhum deles, porém não deixa de aproveitar, em suas grandes linhas, alguma coisa da filosofia que a cada um deles lastreia. Mas dá um passo adiante: além de assentar em recursos lúdicos sobremodo criativos, associando a imagem acústica à imagem visual por intermédio do conceito de Figura-Fonema, observa, com rigorosa exatidão, as oposições características do sistema fonológico do Idioma, o que por si só, a meu ver, seria suficiente para assegurar-lhe a eficácia.

Carlos Henrique da Rocha Lima foi livre-docente do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense; Titular da Faculdade de Humanidades Pedro II; Catedrático do Colégio Pedro II

Muitas características fazem deste método um sucesso

Como psicóloga, possuo uma visão global da situação emocional do aluno,percebendo a melhor maneira de ajudá-lo.

As histórias da Casinha Feliz sempre foram um suporte importante para amenizar o sofrimento do indivíduo que apresenta dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita, uma entre muitas das características que fazem a aplicação deste método um sucesso para aquele que deseja ingressar no mundo das pessoas letradas.

Estou feliz por retornar o contato com Eloisa e a equipe pedagógica do Método Casinha Feliz.

Desde o início da minha vida profissional, fui acolhida e orientada diretamente pela saudosa Iracema Meireles e minha vida como professora foi de sucesso graças a essa orientação.

Aprendi com ela a orientar muitos professores. Como alfabetizadora, só tive sucesso e orientei a muitos professores que também têm sucesso. Gratidão.

Achei o site novo muito bom! Gostei muito da história de Iracema Meireles, que conhecia em parte, e agora está completa.

Acompanhei a luta de Silo, que foi muito válida na época, a comprovação através de suas pesquisas a nível mundial nos trouxe segurança teórica externa, a que já tínhamos por experiência.

Sempre fomos muito contestados, apesar de demonstrarmos sucesso no processo de alfabetização, sendo rápido para alunos sem dificuldades de aprendizagem e eficaz para crianças com dificuldades de aprendizagem.

Sidneya Silva, de Rio das Ostras – Rio de Janeiro

Quando fiz magistério, em 1984, tive a maravilhosa oportunidade de conhecer o método Casinha Feliz

Quando fiz magistério, lá no Ceará, em 1984 tive a maravilhosa oportunidade de conhecer o método Casinha Feliz. Confeccionamos uma apostila que guardo como tesouro até hoje.

Em 1996, me tornei professora e fiz uso do método conseguindo muito sucesso. Hoje, ainda uso a mesma apostila e o mesmo método. O dia de hoje, 8 de novembro de 2012 é um dia especial porque fui escolhida entre milhares de professoras alfabetizadoras para orientar e ser tutora do novo projeto Pacto Nacional de Educação Básica, onde o critério era ser alfabetizadora de destaque.

Devo a graça de ter conhecido e de ter me esforçado me aperfeiçoando nas práticas pedagógicas, visando sempre o melhor para o meu aluno e a garantia de oportunizá-lo com um futuro melhor através da educação.

Lembrei-me de pesquisar e encontrei aqui todo o material, graças a Deus.

Um abraço a esta equipe eficiente,

Sonia Maria Oliveira

Ouro Preto do Oeste, Rondônia

O método fônico é grande veículo da alfabetização das massas

“O método fônico é o grande veículo da alfabetização das massas,especialmente quando visto no trabalho modelar de Iracema Meirelles.”

Pedro Bloch

Amigos do Método Iracema Meireles

Meu imenso interesse pela CASINHA FELIZ vem do fato de eu mesma ter sido alfabetizada através desse método

Cara Eloísa,

Primeiramente, queria agradecer-lhe por ter respondido pessoalmente ao meu email. E dizer que é com prazer que respondo às suas perguntas.

Sou formada em Letras pela Universidade Federal do Pará, e formada em Violoncelo pela Fundação Carlos Gomes. Meu imenso interesse pela CASINHA FELIZ vem do fato de eu mesma ter sido alfabetizada através desse método. Eu lembro de vários fatos, como os personagens e os amiguinhos. Lembro até da primeira palavra que aprendi a escrever – RUA.

Também recordo de ouvir uma tia minha comentando que as crianças aprendiam a ler rapidamente por esse método. Então isso foi o que mais me marcou de tudo. Fui alfabetizada no Núcleo Pedagógico Integrado, em Belém do Pará. Talvez a melhor escola de Belém, na época. Só sei que por muitos anos os primeiros lugares gerais nos vestibulares, sempre eram de alunos do NPI.

Durante anos, percorri escolas e entrevistei professores, em busca da CF, para alfabetizar minha filha. Eu queria matriculá-la numa escola que usasse o método, mas não achei nenhuma. Comecei então, a achar que o método não era mais editado. Não me conformava de uma coisa tão boa ter desaparecido. Mas eu fazia questão de um método fonético. Então resolvi ensinar minha filha de cinco anos a ler, na raça mesmo, este ano, baseada apenas nas aulas de alfabetização que eu tivera quando criança!

Ensinei os sons dos amiguinhos e das consoantes. Cada dia, eu ensinava um novo fonema. Até minha filha de dois anos aprendeu os fonemas e os símbolos. Então expliquei que as consoantes precisavam dos amiguinhos para ter mais som. E ela aprendeu todas as sílabas rapidamente. O problema é que daí em diante, eu não lembrava de mais nada. E o aprendizado da minha filha em leitura estagnou.

Então, quando eu já estava prestes a comprar um método de alfabetização fônica computadorizada, deparei-me com o site da Casinha Feliz. Feliz fiquei eu.

Atualmente, moro em Uberlândia.

Bem, não quero correr o risco de cansá-la, então fico por aqui.

Um abraço

Ana Júlia Portela

Tínhamos prazer em aprender, era uma festa

O meu corpo é um lacinho, sou toda perequeté, cintura de bailarina vejam se é ou não é… É”

Quem lembra? Nunca me esqueci, olha só o poder de ensinamento deste método, lembro que tínhamos prazer em aprender, era uma festa. Por isso amo tanto teatro, fui alfabetizada num teatro. Até me emociono de tão importante que foi pra mim. Não acho no google as musiquinhas. Queria mostrar para minha sobrinha

Aninha Lemos

20 Julho de 2014

A energia das cores e da forma como eu aprendi marcou-me para sempre

Saudações!!

Eloisa,

É um grande prazer lhe escrever essas poucas linhas.

Venho neste momento agradecer por este livro.

Livro que traz fortes recordações da minha infância.

Não conseguia lembrar o nome….

Sabia que tinha os personagens que até hoje vivem na minha memória, Vivi etc.

Nunca desisti de buscar na memória o nome do livro que me traz boas recordações.

A CASINHA FELIZ

Fui à internet e busquei imagem, que alegria senti ao ver as imagens com nitidez, confesso que chorei.

Hoje me lembrei!

Voltei ao passado e me vi pequenininha!!

Com a net ficou tudo mais fácil, hoje estou muito feliz, além de rever o que há anos eu buscava, tenho também a oportunidade de agradecer a você, autora.

Vou ver se consigo um exemplar para comprar e guardar como lembrança, pois a energia das cores e da forma como eu aprendi marcou-me para sempre.

Concluí o curso de licenciatura plena em Artes Plásticas, na UCSAL. Estou concluindo o curso de Direito (8o semestre). Estou no curso de Oficina de Música (Piano Clássico) na UFBA e Ballet para adultos na Ebateca. Estou realizando meus sonhos de infância, nunca é tarde, acredito.

Obrigada. E um grande abraço.

Na juventude conhecemos, na maturidade compreendemos.

Ana Verena Boulhosa Mesquita

Bela explicação do uso do m ou n antes do p e b

Oi Eloisa,

Me chamo Daniela e tenho 33 anos. Aprendi a ler no método casinha feliz, e acredite, lembro até hoje de muitas coisas, das vogais, da cocó, do homem barrigudo, da motoca do tata ! rsrsrsenfim da maioria das coisas que aprendi nessa fase tão importante ! hoje sou psicóloga e muitas vezes, em alguma atividade, quando uma criança escreve algo com dificuldade, sempre dou dicas que aprendi ainda na classe de alfabetização, como, do uso do r e rr ou s e ss…. ou a bela explicação do uso do m ou n antes do p e b, ou seja, ainda lembro que só a mamãe pode dar as mãos ao papai e ao homem barrigudo ! rsrsrs

Fiquei muito feliz em saber, hoje, que este método tem site, e ainda é utilizado!

BJS

Daniela

Minha filha foi alfabetizada com a Casinha Feliz e isso foi fundamental para toda sua vida futura

Deixo meu depoimento…

Pelos idos de 1996, minha filha foi alfabetizada com o método Casinha Feliz, pois o método tradicional não atendia, e isto para nós teve um significado enorme, foi fundamental para toda sua vida futura e superação das dificuldades vindouras.

Sou grato a Profa. Eloisa Meireles e sua equipe. As escolas deveriam adotá-lo, quantos alunos não teriam se beneficiado e nunca repetido de ano, como na nossa família.

Muito Obrigado! Parabéns!

Erick Eas

Março/2013

”Pena que não aprendi assim com você, José”

Prezada e querida Eloisa Meireles,

Agradeço muito, moro em Manaus, tinha sete (07) anos quando aprendi com a Casinha Feliz.

É um imenso prazer conversar com você que legal, nem acredito!

Como lhe falei, estou estudando pedagogia e tenho a tarefa de fazer um projeto de pesquisa um (PPE) e o tema do trabalho é a importância do lúdico nas séries iniciais, no ensino aprendizagem de língua portuguesa.

Vou falar com minha professora que entrei em contato com vc, ela vai gostar muito, pois achou o tema bem interessante e até disse: pena que eu não aprendi assim com você, José.

Um grande abraço e que Deus lhe guarde e lhe dê muita saúde. Ah estou terminando o 1º Período nem imaginava encontrar algo sobre a Casinha Feliz, mas coloquei no google e foi rapidinho.

Jo

Fui alfabetizado com a Casinha Feliz: o ensino me marcou e me fez gostar de aprender

Fui alfabetizado com os incríveis métodos da Casinha Feliz e nunca esqueci o que aprendi. O ensino me marcou e me fez gostar de aprender. Agora faço pedagogia e tenho que elaborar um projeto de pesquisa, e escolhi como tema a importância de métodos lúdicos no ensino e aprendizado de língua portuguesa nas séries iniciais.

Gostaria de sua ajuda no que vc puder me ajudar, pois os personagens da Casinha Feliz nunca saíram da minha mente. Gostei muito do que aprendi e agora quero contribuir para ajudar crianças a gostarem de estudar sem que percam sua infância, pois poucos professores usam métodos lúdicos.

Escola Benedito Ottoni – Tijuca, RJ – A Casinha Feliz continuará escrevendo histórias felizes

 

Cara Eloisa,

Conheci o site CASINHA FELIZ e me transportei no tempo.

Lembrei-me da minha escola Benedito OTTONI (Tijuca), da minha 1a Professora, Helena Gallo.

E ainda o mais emocionante é ter sido alfabetizada pela CASINHA FELIZ.

Não sou da área de Educação, mas estudei sem dificuldades e me graduei em Administração de Empresas.

Carreira com boas chances, já que trabalhava em um grande Banco.

Resumindo: desejo ao grupo êxito permanente e saúde para todos.

A Casinha Feliz continuará escrevendo histórias felizes.

Atenciosamente,

Luccia Herrera

Escola Estadual Tentente José Luciano em Timóteo – MG  

16 de julho de 2009

Ei Eloisa,

Aprendi a ler na Escola Estadual Tentente José Luciano em Timóteo – MG. Aprendi muito rápido e lia corretamente logo no início.

A nossa casinha foi feita pelo pai de uma das alunas, que era filha da nossa professora, a tia Consuêlo. A porta e a janela abriam e os bonequinhos apareciam na janela. Foi excelente. Tenho pena do meu marido, português, com as cartilhas herdadas dos “belos” tempos de Salazar.

Estou reenviando a foto do grupo com a minha carinha marcada. Sempre fui das mais altas da sala, então só ficava atrás.

Beijinhos,

Luciana Gravitol

Quero ver meu filho sentir gosto pela leitura e escrita, assim como sinto

Boa noite!

Meu nome é Mônica, tenho 32 anos, casada e mãe de 3 filhos. O mais velho dos meus filhos começou a estudar há 2 anos, e hoje, com 5 anos, está sendo alfabetizado por um método que eu não conheço.

Fui alfabetizada pelo método Casinha Feliz e hoje, sinto uma grande necessidade de tentar ajudar meu filho a se alfabetizar, com este método construtivista e não consigo. Este método não trabalha com a imaginação da criança, como no método Casinha Feliz. Eu viajava nas historinhas que eram contadas, até hoje me lembro de algumas.

Meu filho está com muita dificuldade em ler, escrever… muitas vezes, sinto e vejo ele desmotivado, apenas forçado a ler e escrever.

Acabei de fazer meu pedido de compras do método Casinha Feliz e espero confiante que vou conseguir ajudar meu filho, quero vê-lo sentir gosto pela leitura e escrita, assim como eu.

Meu filho é uma criança muito inteligente para a idade, muito esperto e que aprende as coisas facilmente, segundo a psicóloga que o avaliou.

Este e-mail é apenas para agradecer a minha alfabetização, que foi excelente. Aqui em Manaus, nenhuma das escolas particulares utilizam este método maravilhoso que é o Casinha Feliz. Eu me sinto triste e envergonhada por isso, pois vejo a dificuldade que meu filho tem para ler e escrever.

Espero conseguir ajudar meu filho a ler e escrever com a ajuda da Casinha Feliz!

Um abraço,

Mônica

Com muita emoção divido este momento vivenciado por mim em 1977

Oi Eloisa!

Já nos falamos por e-mail faz algum tempinho, sou a Patricia, e fiquei de lhe mandar as fotos da minha primeira série, na qual interpretei a vovó da nossa querida Casinha Feliz!

Dá uma olhadinha!

Nunca imaginei que isso aconteceria…

É com muita estima e emoção que divido com você este momento vivenciado por mim em 1977.

Com carinho,

Patricia I. Porto

A Casinha Feliz foi um verdadeiro milagre na vida da minha filha Joana

04 de fevereiro de 2009

A Casinha Feliz foi um verdadeiro milagre na vida da minha filha Joana. Ao final do C.A. ela ainda não conhecia todo o alfabeto, quando procurei Eloisa Meireles que me indicou a Sonia Duarte.

Em outubro de 2006, Sônia começou um trabalho com minha filha. Em Janeiro de 2007, Joana já estava começando a ler e escrever. Em Junho de 2007 ela estava totalmente alfabetizada, muito curiosa com a leitura, adorando ler livros, jornais e tudo o que passava na sua frente e muito feliz com os progressos que fazia!

Joana, hoje (2009), está indo para o terceiro ano e continua devorando livros. Suas redações da escola são enormes, criativas e engraçadas. Só tenho a agradecer a toda a equipe da Casinha Feliz, sem a qual seria realmente impossível para Joana chegar aonde chegou.

Sandra Landim

A lembrança que tenho do meu primeiro ano de escola é de ter vivido, efetivamente, numa Casinha Feliz

Olá!

Fui alfabetizada por este método maravilhoso, em 1974 (Medianeira-PR).

Cresci, fiz magistério e alfabetizei usando o Casinha Feliz.

Só não tenho minha primeira cartilha, mas guardo comigo a cartilha, o manual do professor, o de textos e o caderno de exercícios do magistério (já bem amarelados). O material didático acabou se perdendo nas minhas mudanças.

Hoje, sou advogada e tenho um filho de 10 anos (sofri com sua alfabetização) e uma filha de 3 anos.

Resolvi não me debater com a alfabetização da menor.

Entretanto, aqui em Curitiba não encontrei nenhuma escola que adote o Método Iracema Meireles.

Como a Internet tem seus encantos e utilidades, encontrei o sítio e fiquei muito feliz. Já fiz meu pedido.

Tenho, todavia, alguns questionamentos. Primeiro, se há escola em Curitiba que utilize o método. Segundo, quais seriam os cuidados que devo tomar para não prejudicar a alfabetização de minha filha se a mantiver na escola em que se encontra (Marista Santa Maria) e aplicar o Método Iracema Meireles em casa, iniciando já (antes da escola).

Devo dizer que a lembrança que tenho do meu primeiro ano de escola é de ter vivido, efetivamente, numa Casinha Feliz, e, sou-lhes muito grata por isto.

Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski

Água Verde – Curitiba-PR

Até hoje lembro com muito carinho desse maravilhoso método de alfabetização

Olá Eloisa,

Me chamo Ticiana Mota, tenho 37 anos, sou arquiteta e fui alfabetizada com o livro e as histórias da Casinha Feliz. Estudei numa escolinha chamada Nosso Mundo e até hoje lembro com muito carinho desse maravilhoso método de alfabetização. Lembro que quando a minha turminha mudou de escola, existia uma expressiva diferença entre a gente e a turma da nova escola.

Realmente, não tenho a menor dúvida da eficiência dessa forma de ensino e do prazer inquestionável que as crianças sentem ao aprender a ler e escrever. Tenho um filho de 5 anos que apresenta algumas dificuldades para aprender a ler e eu gostaria muito de utilizar esse método com ele. Pensei em comprar o livro do professor para tentar ensiná-lo, porém tenho medo de não fazê-lode forma adequada.

Gostaria da sua opinião acerca disso.

Agradeço antecipadamente (pelo passado, pelo presente),

Um abraço carinhoso,

Atenciosamente,

Ticiana Montenegro Bastos Mota

Agradeço a vocês por manterem viva a chama da Casinha Feliz trazendo a muitas crianças o prazer da leitura

Eu gostaria de deixar o meu recado a vocês idealizadoras e continuadoras do método A CASINHA FELIZ.

Fui alfabetizada com o método no Centro Educacional Nilopolitano, por volta de 1962.

O Método é agradável, divertido e atraente para a criança. Nunca me esqueci nem da Vovó nem do Vavá, Vevé nem da Vivi. Nem da Motoca do Vavá…

Enfim, A CASINHA FELIZ foi um divisor de águas na minha vida.

Em 2001, minha filha passou a ser alfabetizada também pelo método na mesma escola que eu. Foi lindo rever os amiguinhos e os ajudantes ajudando minha filha nesse processo…

Em junho do mesmo ano, Carina já lia e devorava os gibis da Turma da Mônica. Agora em 2014, meu filho mais novo começou o mesmo processo, na mesma escola. Que delícia relembrar e reviver tudo isso. Agradeço a vocês por manterem viva a chama do Método Iracema Meireles – A Casinha Feliz trazendo a muitas crianças o prazer da leitura.

Obrigada ao Centro Educacional Nilopolitano também por manter o Método até hoje, valorizando seus alunos. Obrigada por me permitirem compartilhar isso.

Abraços,

Tatiana Bonfim

Sou neta de uma professora aposentada que recebeu capacitação da própria Iracema Meireles

Sou da Bahia e neta de uma professora aposentada que recebeu treinamento da própria Iracema Meireles e aplicou o método Casinha Feliz aqui por mais ou menos oito anos, com ótimos resultados. Levava por volta de três meses para alunos que chegavam sem nunca terem pegado em lápis estarem lendo fluentemente e os primeiros 15 dias eram de coordenação motora, para deixar a mão leve, como minha avó diz.

Minha avó me contou que, na época em que foi introduzido o método construtivista, as escolas receberam montes do material novo e foram espalhados boatos de que o método fônico causava gagueira e outros problemas. Ela havia alfabetizado, talvez, centenas de alunos àquela altura e sabia que isso não era verdade.

Ao contrário: o que ela viu foi que os alunos passaram a demorar um ano inteiro ou mais para chegar no estágio em que, por anos, turma após turma, chegavam naqueles três meses.

Então, minha avó ignorou a ordem. Recusou-se a usar o material novo naépoca era “Método Alfa” disfarçou a Casinha Feliz com um pouco do método global, e continuou tudo mais ou menos como antes para os alunos dela. Mas já faz tempo que ela se aposentou.

Minha irmã, de cinco anos, está aprendendo a ler agora e sentia-se cansada e muito exigida na escolinha em que estuda. Então, no segundo semestre, eu a ajudei com as tarefas e comecei a corrigi-la. Melhorou. Agora ela vive lendo, quebra as palavras em letras e se esforça para juntar os fonemas. Nunca mais reclamou da escola, mas ainda reclama um pouco das tarefas que me parecem muitas mesmo e, às vezes, com exigências que ela não pode bem cumprir.

Se as tarefas são muitas e estão além do que pode a menina, paradoxalmente, a professora também aceita qualquer resultado, não faz esforço para capacitá-la e conta que ela melhore espontaneamente tornando o processo desnecessariamente lento e cansativo.

Como Claudinha não é corrigia na escola, ela teve, e ainda tem, certa resistência a ser corrigida em casa não percebe a correção como uma coisa natural do aprendizado, mas como uma censura a ela. Defendia-se com uma frase feita que não lembro agora, alegando que a professora aceita a tarefa do jeito que está. Ela me disse que a professora não ensina: coloca as palavras no quadro, lê, e eles, os aluninhos é que descobrem como formar as palavras.

Tudo isto me parece uma mistura terrível de excesso e falta de exigência ao mesmo tempo, de tornar o processo tão difícil que a criança cansa de ler antes de começar a ler de fato. Minha mãe, que foi alfabetizada pelo método Casinha Feliz e que escreve exemplarmente atribui a isso o pouco gosto pela leitura das novas gerações. Eu acho que ela está certa.

Obrigada pela atenção.

Tawnee Pedreira

Cartas ao Ministro da Educação

Ao assumirmos a Secretaria Municipal de Educação de Luziânia, encontramos 90% de reprovação do ano anterior

Estado de Goiás
Prefeitura Municipal de Luziânia
Secretaria de Educação
Rua Manuel Carvalho de Rezende c/ Rua João Paulo
Qda. A snº – Centro – Luziânia.

 

Ofício – SE – Nº 636/97

Luziânia, 3 de junho de 1997

 

Sr. Ministro,

É dever de justiça e expressão de nossa necessidade, dizer-lhe o que se segue:

Em 1993, ao assumirmos a Secretaria Municipal de Educação de Luziânia, encontramos até 90% de reprovação na alfabetização do ano anterior (1992).

Sentimos a necessidade de um Pronto Socorro de Alfabetização.

Conhecendo os vários Métodos de Alfabetização (por ter sido professora dessa disciplina durante alguns anos) e conhecendo a nova realidade de nossos professores, não encontramos outro método que pudesse se adaptar melhor que o método da Casinha Feliz, de Eloisa Meireles, Editora Record.

Entramos em situação de pronto socorro com 111 cursos, 751 professores atendendo nestes quatro anos e meio em torno de 30.000 alunos da 1a série.

Temos ainda o que avançar e estamos lutando por isto, mas na mesma escola, onde constatamos 90% (noventa por cento) de reprovação na recuperação em 1992, após a aplicação do método em 1993, alcançamos a porcentagem de 96% (noventa e seis por cento) de APROVAÇÃO.

No global, atingimos em 1996 a porcentagem de 77% (setenta e sete por cento) de aprovação nas séries.

Não podemos perder este método! Precisamos sim, aperfeiçoar e complementar esta prática e para isto necessitamos continuar recebendo esses livros que neste ano foi substituído pela 2ª opção, Porta de Papel.

Não podemos quebrar uma situação que está dando resultado. Hoje temos 4.236 alunos na 1ª série. Com a emancipação dos municípios de Valparaíso e Novo Gama, perdemos quase metade das crianças na 1ª série, mas pelo que nos consta, também eles continuam usando o Método, assim como alguma escola de Cristalina – GO, onde esta Secretaria deu o curso e continua o acompanhamento.

Sr. Ministro, não receber estes livros causaria uma interrupção num processo que está dando certo e que dia a dia se aperfeiçoa.

Na certeza de sermos atendidos e aproveitando a oportunidade para um elogio pessoal ao trabalho desenvolvido na Educação, atenciosamente agradecemos.

 

Cíntia Lucia Curado Cardozo

Coord. Pedag. do Ensino Religioso

Maristela Terceiro Chaves

Coord. do Pré-Escolar

Maria V. Silva Ruriz

Coord. das Secretarias Escolares

Luzia de Moraes Aguiar Melo

Coord. do 1º Grau

Vera Lucia de Melo Rosa

Coord. Pedagógica

Rosana Mantovani Barreto

Autorização nº437/96

 

Cleusa Meireles Castellanos

Secretária Municipal de Educação

Reg. nº 38726/MEC

Carta ao Exmº Sr. Ministro da Educação 

 

Rio de Janeiro, 26 de maio de 1997

Exmº. Sr. Ministro da Educação

Dr. Paulo Renato Souza

 

Pela presente, dirijo-me a V.Exa. para expressar minha estranheza quanto à  divulgada exclusão da cartilha “A Casinha Feliz”, de responsabilidade didática das professoras Iracema e Eloisa Meireles, do Programa Nacional do Livro Didático.

Integrei o magistério público primário do Rio de Janeiro e pude atestar os bons resultados obtidos com a alfabetização de crianças através de tal método.

Hoje, embora totalmente afastada das atividades didáticas, lido diariamente com trabalhadores e empregadores aos quais presto jurisdição como Juíza do Trabalho do Tribunal Regional da 1ª Região. E posso avaliar o quanto as deficiências educacionais dificultam as relações de trabalho, em flagrante prejuízo para a nação.

Quer pela precária formação da força de trabalho, sobretudo no âmbito técnico e profissional, quer pela reiterada prática patronal de desrespeito à lei, à ética e aos mais elementares direitos humanos. Como ex-professora, sei o quanto a sala de aula é importante para que se aprimore o estado de direito. Sei que, em grande parte, a cidadania de um povo se constrói na escola. “A Casinha Feliz”, como bom e comprovado instrumento de alfabetização e formação de nossas crianças, tem inscrita a sua participação nesse processo de construção da cidadania brasileira. Lamentável, pois, a sua exclusão do Programa Nacional do Livro Didático.

 

Confiante em que V.Exa. se empenhará no reexame da medida, manifesto meus verdadeiros protestos de estima e elevada consideração.

Atenciosamente

Comba Marques Porto

Juíza do Trabalho

Na qualidade de professora, profissão que exerço há mais de trinta anos…

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1997

Exmo. Sr. Ministro da Educação

Prof. Paulo Renato de Souza

 

Prezado Sr. Ministro,

 

Na qualidade de professora, profissão que exerço há mais de trinta anos, gostaria de dar um depoimento acerca do trabalho de Iracema e Eloisa Meireles, educadoras que desenvolveram um método de alfabetização inovador, amplamente atestado nas escolas de primeiro grau, em várias regiões do Brasil, a partir dos anos 50.

 

Trata-se de um trabalho da maior seriedade que, depois de aperfeiçoado através de vários anos de pesquisa e de experiência com alunos provenientes de diversos meios sociais, foi divulgado através da cartilha A Casinha Feliz.

 

Meu primeiro contato com o método foi quando, recém-formada pelo Instituto de Educação, comecei a lecionar numa escola pública frequentada por crianças carentes de um subúrbio do Rio. Os alunos, em sua maioria, apresentavam dificuldades de aprendizagem, sendo comum naquela, como em outras escolas de nível semelhante, um alto grau de repetência. Em geral, pelos métodos então em uso, a alfabetização plena levava de dois a três anos.

 

Depois de algumas entrevistas com a professora Iracema Meireles, através das quais pude familiarizar-me com os principais aspectos ligados à execução de seu método, envolvendo desde a preparação minuciosa das aulas de apresentação dos fonemas até a confecção do material didático correspondente a cada unidade, decidi aplicar a técnica da Casinha Feliz para alfabetizar os alunos da turma numerosa e altamente heterogênea que recebi.

 

Inicialmente, tive que vencer as resistências das coordenadoras, habituadas aos métodos mais convencionais, a sentenciação e a palavração, na época adotados em quase todas as escolas da rede pública. Entretanto, a diretora, contagiada por meu entusiasmo, concedeu-me a liberdade de opção.

 

A título de experiência, tive carta branca para iniciar meu trabalho. Era uma época em que as escolas estaduais se orgulhavam de seu padrão de qualidade, contando com uma equipe de profissionais competentes, tanto entre os professores, como entre os quadros de direção. Ademais, havia uma identificação com o magistério, entendido como algo mais do que um simples meio de ganhar a vida. Enfim, havia uma preocupação em não esmagar a criatividade e o espírito inovador daqueles que se dispunham a ir além do estoque de conhecimentos e técnicas consagrados pelo uso, em busca de meios alternativos, quiçá mais eficientes.

 

No final do ano letivo, pude verificar, com alegria, que o resultado fora superior aos que minhas prudentes expectativas permitiam antever. Com um índice de mais de 90% de aprovação, consegui alfabetizar uma turma difícil e resistente, dada a falta de motivação, sobretudo por parte dos alunos que vinham passando pela traumatizante experiência da repetência em anos anteriores. O método havia passado pelo teste. Durante os meus cinco anos de experiência como professora de curso primário, continuei usando com sucesso o método da Casinha Feliz, certamente tão ou mais eficaz do que os demais.

 

Muita coisa se passou desde essa minha remota experiência. Hoje sou professora titular de Ciência Política da UFRJ, tendo permanecido a maior parte da minha vida profissional lecionando na pós-graduação. Apesar de ter me distanciado do ensino básico, ainda guardo nítida a lembrança daquela passagem rápida, porém marcante, pela escola pública nas classes de alfabetização.

 

Qual não foi minha surpresa ao tomar conhecimento da inclusão da cartilha A Casinha Feliz na lista dos livros didáticos desautorizados pelo MEC! Efetivamente, creio que se trata de um equívoco. Tenho a certeza de que um exame mais cuidadoso mostrará a qualidade de um método, não só eficiente, em termos de seus custos, como eficaz, em termos dos resultados alcançados.

 

É por essa razão, senhor Ministro, que não podia deixar de relatar-lhe essa experiência, na expectativa de que meu depoimento possa contribuir para a revisão de um parecer que inegavelmente acertou na maioria dos casos analisados, mas errou na avaliação do método em questão.

 

Na qualidade de educador, sei que V. Ex. entenderá minhas razões, que não se restringem a prestar solidariedade a uma amiga de longa data, mas visam a fazer justiça a um trabalho sério e competente.

 

Respeitosas saudações.

 

Eli Diniz

Professora Titular do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pesquisadora Associada do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro

As cartilhas estão sendo citadas, há vários anos, em escolas públicas e particulares, em diversas regiões do país, com resultados positivos

 

Rio de Janeiro, 25 de maio de 1997

Exmo. Sr. Ministro da Educação e do Desporto Paulo Renato de Souza:

       Com a devida vênia, venho à procura de V. Exa. manifestar profunda tristeza, diante da notícia de que as cartilhas “A Casinha Feliz” e “É Tempo de Aprender”, de autoria das ilustres Professoras Iracema Meireles e Eloisa Meireles, teriam sido afastadas da lista dos livros didáticos recomendados pelo Ministério da Educação sob a sábia orientação de V. Exa.

       Como essas cartilhas estão sendo citadas, há vários anos, em escolas públicas e particulares, em diversas regiões do país, com resultados positivos, permita-me V. Exa. ressaltar que conviria fosse o assunto reexaminado pelas qualidades didáticas das mesmas que tornam a alfabetização mais dinâmica e prazerosa.

       Ao consignar, apenas, minha sincera e modesta opinião, como testemunha da eficiência desses trabalhos, desde o início de sua aplicação, entre crianças e adultos, aproveito o ensejo para formular votos de êxito na Administração de V.Exa.

Com os protestes de estima e consideração,

 

Eloiza Beatriz da Cunha Cruz Silva

Os alunos eram alfabetizados como num passe de mágicas, produziam textos, livros de histórias

Ao
MEC – Ministério da Educação e Cultura
Exmo. Sr. Ministro da Educação

 

         Eu, Sandro Panaro Ramiro, brasileiro, Funcionário Público Municipal – Professor de 1º Grau na área de Ciências Físicas e Biológicas, matrículas nº 200068 e nº 200654, lotado na S.M.E. de Paraty com exercício na Escola Municipal de 1º Grau do Ribeirinho.

         Assumi a S.M.E. de Paraty em janeiro de 1990 até dezembro de 1992. Na ocasião, buscávamos soluções para os problemas mais sérios do município em termos de Educação, já que nossa proposta era realmente preparar alunos com qualidade em ensino, tornando-o cidadão de fato e de direito em nossa comunidade. Primeiro implantei o 2º segmento do 1º Grau por uma necessidade, pois tínhamos apenas uma Unidade Escolar Estadual que atendia nossas crianças e que, na maioria das vezes, não comportava esse contingente. Foi super satisfatório, pois ampliamos a Rede e abrimos novos horizontes para nossa Comunidade.

         Num segundo momento, percebemos que o nosso processo de alfabetização estava precário, alunos sem criatividade, massacrados pelo tradicionalismo, pelos desenhos xerocados e mimeografados. Achávamos que poderíamos melhorar e foi com esse objetivo que pesquisamos vários métodos e linhas. O que mais se aproximou do que queríamos foi A Casinha Feliz.

Solicitamos a apresentação do trabalho pela autora, Professora Eloisa Meireles, o que nos deixou com muita ansiedade, dado as perspectivas de uma melhor Educação. Foram vários os treinamentos. Criamos o Programa Especial de Alfabetização, que foi lindo. Construímos a Casinha de Fantoches do Teatrinho da Casinha Feliz, os professores confeccionaram os bonecos, prepararam todo o ambiente e reaprenderam a cantar, contar histórias, a criar situações a partir da parte lúdica, da apresentação dos fonemas e a alfabetização passou a ser como uma brincadeira.

Nossos alunos ficaram tão felizes e emocionados por diversos momentos especiais, onde víamos o resultado do trabalho. Essas crianças eram alfabetizadas com muito carinho e dedicação e a escola ganhou outro rumo. Agora, era bonito, alegre, e comprometida, onde a comunidade passou a participar das atividades da escola. Tais alunos eram alfabetizados como num passe de mágicas, produziam textos, livros de histórias e construíram seus próprios desenhos, era realmente uma perspectiva de um futuro melhor que vivíamos.

Após minha saída da Secretaria de Educação, a falta de continuidade do processo e a falta de compromisso dos profissionais subsequentes levou ao encerramento do Programa, o que foi uma perda expressiva, pois agora, os alunos desta classe de alfabetização chegaram ao final do ano letivo com três a cinco fonemas, contribuindo para a estagnação e retrocesso no Processo Educacional.

Foi muito triste, após tanto investimento do município e com resultados práticos observados e documentados. Como disse, a falta de compromisso destes profissionais levou ao caos que estamos até hoje. Quiseram implantar um construtivismo sem base, sem preparo, sem valorizar o que estava acontecendo. Forçaram a saída de nossos profissionais das classes de alfabetização e alguns até da Unidade Escolar em que lecionavam, foi uma perda enorme.

            Após este momento e o afastamento destes profissionais, a Educação ficou sem rumo, não tínhamos crianças alfabetizadas até a 1ª série do primeiro segmento. Três anos se passaram e no ano passado, 1996, minha esposa, que era professora deste Programa Especial de Alfabetização, agora lecionando com as 5ª séries, pode perceber o fruto daquele trabalho, pois duas de suas turmas passaram por este Processo na alfabetização e uma turma não. Verificou que o desempenho escolar era diferente, as crianças tinham conteúdo, criatividade, produziam textos maravilhosos, com boa caligrafia, pontuação, organização do pensamento, clareza, objetividade, bem redigidos, enquanto a outra turma não conseguia sequer organizar o pensamento, não produzia texto com clareza e avaliação crítica de qualquer natureza.

Por isso, sinto-me muito à vontade em manifestar o meu descontentamento e a minha preocupação com a Educação em nosso país, percebo que a cada momento, grupos de pessoas tentam reformular o ensino sem de fato analisar a contribuição que determinados métodos representaram erepresentam até os dias de hoje.

Percebo que o critério adotado só contribui para a quebra do valor da Escola, do valor dos profissionais comprometidos, alegando que a evasão é devido a não adequação da clientela escolar a nossa realidade e não percebem que o desempenho escolar se deve ao momento da alfabetização.

            Cabe lembrar que, após a constatação do fracasso que culminou nestes últimos anos, uma nova equipe de profissionais inteirados com o método Casinha Feliz se prontificou a retomar o trabalho.

            Gostaria que V. Ex. repensasse a decisão de retirada da cartilha A Casinha Feliz do Programa da FAE e refletisse sobre o assunto, tendo em vista que nós, profissionais comprometidos, queremos formar cidadãos, para que estes cidadãos possam exercer o papel que a sociedade lhes atribui.

Atenciosamente.

Sandro Panaro Ramiro
Prof. Municipal – Paraty RJ

Alfabetizar é muito simples e as novas metodologias poderiam contribuir para aperfeiçoar os métodos existentes

Rio de Janeiro, 20 de setembro 1994

Exmo. Sr. Ministro,

Tendo sido professora primária no Rio de Janeiro no período de 1960/65, sempre gostei de alfabetizar, tanto que, esporadicamente, ainda o faço até hoje.

Alfabetizar é muito simples e as novas metodologias poderiam contribuir para aperfeiçoar os métodos já existentes.

Acontece, porém, o contrário. Os novos discursos, baseados em teorias importadas, que muitas vezes estão longe de serem pedagógicas, enfraquecem o desempenho dos poucos professores que ainda fazem um bom trabalho na prática de Alfabetização.

No inicio dos anos 1960, Paulo Freire introduziu uma postura político-pedagógica na prática de Alfabetização, especialmente de adultos. A palavra significativa e a leitura global passam a fazer parte da metodologia dita progressista e moderna. O método de Freire priorizava a informação, embora do ponto de vista pedagógico, não desprezasse o código.

A partir de então, o desprezo pelo código alfabético se amplia, culminando hoje com a apresentação do texto significativo para o analfabeto, que deve descobrir a relação estabelecida entre letra e som, ou seja, o código alfabético.

Entendo que, de forma didática, cabe ao professor alfabetizador facilitar para o aluno (especialmente para o aluno carente) a assimilação do código, o que não invalida a preocupação com a compreensão da mensagem.

Nossa escrita é alfabética e, por conseguinte, não podemos fugir do cerne da questão, qual seja: a relação letra-som.

Os métodos fônicos focalizam esta relação, por isso alfabetizam tão rapidamente. Resta apenas apresentá-los dentro de uma postura mais moderna, não seccionada ou estereotipada como aconteceu durante milênios.

A polêmica dos métodos de alfabetização também perdurou nos EUA por muitos anos. Diante, porém, do aumento do índice de analfabetismo, pressionado pela comunidade e pelo Congresso, o governo americano determinou fazer um levantamento, diretamente nas salas de aula, dos métodos utilizados pelos professores que estivessem realmente conseguindo alfabetizar.

O resultado desta pesquisa ampla e profunda demonstrou que os métodos fônicos eram muito mais eficientes, superando inclusive, fatores de idade e até de QI. Vale lembrar que, em inglês, a relação letra-som é tão direta quanto em nosso idioma.

A partir desta constatação, o problema passou a ser o aprimoramento do método fônico, pois a necessidade do enfoque fonético havia sido comprovada como essencial no processo de Alfabetização.

Face ao exposto, tomo a liberdade de sugerir que seja tomada uma decisão semelhante, a fim de que se possa determinar as metodologias mais eficientes e definir planos de ação para implantação das mesmas.

Tomo a liberdade também de anexar parte do texto referente ao capítulo introdutório do livro “Beginning to Read”, da Profª. Marylin Jager Adams, 1990, MIT Press, Cambrigde/Massachussetts.

Sem mais,

Atenciosamente,

Wanda Russo
Profª. EBA/UFRJ

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