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As Guerras da Leitura – Método Fônico X Método Global

Há décadas especialistas vêm pesquisando e comparando os resultados do método fônico de alfabetização versus o método global. O acirrado debate ganhou o nome de Guerras da Leitura (Reading Wars).

Até meados do século 19, o método fônico era o método de alfabetização aceito nos Estados Unidos. Em 1841, Horace Mann, secretário do Conselho de Educação de Massachusetts, defendeu um método de ensino de leitura com palavras inteiras para substituir a abordagem fônica. Rudolf Flesch, em 1955, defendeu um retorno à concepção fônica em seu livro Why Johnny Can’t Read. O método de palavra inteira obteve apoio de Kenneth J. Goodman, que em 1967 escreveu um artigo intitulado Reading: A psycholinguistic guessing game. Embora não seja embasada por estudos científicos, a teoria tornou-se muito influente, sendo conhecida como o método global.

Desde a década de 1970, alguns defensores do método global, como Frank Smith, são inflexíveis em afirmar que a instrução fônica deve ocupar pouco ou nenhum espaço na alfabetização.

Outros pesquisadores, no entanto, dizem que a instrução fônica e a consciência fônica têm “importância crítica” e são “essenciais” para o desenvolvimento das habilidades iniciais de leitura. Em 2000, o Painel nacional de leitura dos EUA (US National Reading Panel) identificou cinco componentes de um ensino de leitura eficaz, entre eles, a instrução fônica; os outros quatro são: consciência fonêmica, fluência, vocabulário e compreensão. Relatórios de outros países, como o relatório australiano sobre o ensino da leitura (2005) e a Revisão independente do ensino da leitura na educação infantil (Independent review of the teaching of early reading (Rose Report 2006), do Reino Unido, também apoiaram o uso da abordagem fonética.

Alguns pesquisadores notáveis ​​desaprovam explicitamente a abordagem global. O neurocientista cognitivo Stanislas Dehaene disse: “A psicologia cognitiva refuta qualquer noção de ensino por meio de um método ‘global’ ou de ‘linguagem global’.” Ele discorre sobre “o mito da leitura de palavras inteiras” (e também da palavração), afirmando ter sido refutado por experimentos recentes. “Não reconhecemos uma palavra impressa por meio de uma compreensão holística de seus contornos, porque nosso cérebro a divide em letras e grafemas.” Mark Seidenberg se refere ao método global como um “zumbi teórico” porque persiste apesar da falta de evidências que o embasam.

Além disso, um estudo de 2017 publicado no Journal of Experimental Psychology comparou o ensino através dos fonemas ao ensino de palavras inteiras e concluiu que o método fônico é mais eficaz. A pesquisa aponta que “Nossos resultados sugerem que a alfabetização infantil deve focar nas sistematicidades presentes nas relações de grafemas e fonemas em línguas alfabéticas, em vez de ensinar estratégias baseadas em significados, para melhorar tanto a leitura em voz alta como a compreensão de palavras escritas”.

Mais recentemente, alguns educadores vêm defendendo a teoria da alfabetização balanceada, que combina as abordagens fônica e global, não necessariamente de maneira consistente ou sistemática.

Defensores do método fônico afirmam que a alfabetização balanceada é simplesmente um outro nome do método global. E os críticos do método global e os céticos da alfabetização balanceada, como o neurocientista Mark Seidenberg, afirmam que os leitores com dificuldade não devem ser encorajados a pular palavras que considerem difíceis ou confiar em pistas semânticas e sintáticas para adivinhar as palavras.

Ao longo do tempo, um número crescente de países e estados tem dado maior ênfase ao método fônico e outras práticas baseadas em evidências.

(Fonte: trechos de https://en.wikipedia.org/wiki/Phonics#The_Reading_Wars_%E2%80%93_Phonics_vs._Whole_language)

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