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É preciso voltar a ensinar os fonemas em sala de aula

 

Editorial do jornal americano The Day publicado em 25 de maio de 2022

A leitura é a principal habilidade desenvolvida pelos alunos das séries iniciais do ensino fundamental. Ler bem é um indicador de sucesso acadêmico ao longo dos anos, e o oposto – o analfabetismo ou a baixa capacidade de leitura – condena as crianças a uma vida de dificuldade para trabalhar e exercer outras funções sociais.

É alarmante, então, que, apesar de décadas de pesquisas e investimento em educação pública, estejamos fracassando ao ensinar as crianças a ler bem e gostar de ler. Veja as estatísticas:

• A porcentagem de crianças americanas de 9 a 13 anos que dizem ler por prazer está no ponto mais baixo em quase 40 anos.

• Embora os alunos de Connecticut tenham tido notas mais altas que a média nacional nos testes de leitura da quarta série em 2019, suas notas foram menores do que em 1998 e 2017.

Isso não acontece por falta de investimento no ensino da leitura. Pelo contrário, os distritos escolares estão destinando mais dólares do que nunca em currículos e profissionais de alfabetização. A legislação federal, incluindo o Title I (1965) e No Child Left Behind (2001), endossou esses gastos.

Também não se trata de falta de pesquisa. Dezenas de estudos foram publicados nos últimos 20 anos avaliando como os alunos aprendem a ler e como professores e especialistas em leitura podem ser mais eficazes.

Agora, a abordagem de uma especialista, Lucy Calkins, da Universidade de Columbia, está sendo descredibilizada – por seus críticos e pela própria Calkins, que reconheceu que a consciência fonética precisa estar presente no ensino da leitura.

O método de Calkins, Units of Study*, orienta as crianças a usar dicas visuais e a adivinhar para decodificar palavras. Isso se opõe ao ensino da fonética, em que os alunos aprendem a associar sons às letras e/ou sílabas.

Estima-se que metade dos distritos escolares de Connecticut emprega Units of Study, método criticado pela ong www.edreports.org por não se apoiar em “uma lógica baseada em pesquisa” ao abandonar o ensino dos fonemas.

Em outras palavras, a ciência mostrou que a consciência fônica é um elemento importante do aprendizado da leitura. Agora, o New York Times informa que a própria Calkins reescreveu seu material para incluir essa abordagem.

Na prática, gerações de pais podem atestar as deficiências do ensino de leitura nos últimos 25 anos. Relatos anedóticos de crianças com dificuldades e aumento de encaminhamentos para especialistas em leitura corroboram essa visão.

Um leigo seria perdoado por fazer uma pergunta básica: se o método de ensino funciona, por que tantos alunos precisam de ajuda extra-classe para aprender a ler?

Ao mesmo tempo em que a abordagem fonética foi abandonada, as escolas começaram a exigir a leitura como lição de casa. Alunos do ensino fundamental receberam diários de leitura para completar em casa e uma extensa lista de leitura para as férias.

A lógica por trás disso é boa – há casas onde não há livros ou não se estimula a leitura, por uma série de razões. Mas certamente não há maneira mais rápida de matar o amor pela literatura do que transformá-la em uma tarefa noturna ou um dever de casa de férias.

Sim, a concorrência com outras mídias – e muito tempo de tela – interfere na leitura. Mas os alunos frustrados pela falta de fluência na leitura também serão menos propensos a pegar um livro por prazer.

Na sala de aula, a pressão para adotar novos currículos e métodos às vezes pesa mais do que os interesses das crianças.

O currículo escolar também é um grande negócio. A Universidade de Columbia ganhou muito dinheiro com o trabalho de Calkins – dinheiro que veio de impostos estaduais e federais.

Mas há um vento de mudança no ar.

No ano passado, o poder legislativo de Connecticut aprovou o chamado projeto de lei “Direito de Ler”, que, entre outras disposições, exige o uso de estratégias baseadas em evidências no ensino da leitura, incluindo a abordagem fonética. Os distritos escolares serão obrigados a implementar um novo programa de leitura até julho de 2023.

O método fônico, quando combinado com a leitura em voz alta e o acesso a uma variedade de textos, é o padrão-ouro no ensino da leitura. É hora de darmos às crianças a melhor iniciação à leitura possível.

* Um dos métodos de alfabetização mais utilizados nos EUA.

Tradução de Clarisse Meireles

Fonte: The Day

 

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