Autores
IRACEMA MEIRELES
Iracema Meireles, profissão professora
Eloisa Meireles*
Não inventei nada. Na minha vida de magistério, aprendi a observar a criança, o seu modo de agir e reagir, as suas dificuldades pessoais. Creio que a professora é tanto mais professora quanto mais e melhor entende seus alunos. O êxito da criança na aprendizagem (portanto êxito também da professora) depende muito mais daquilo que a professora recebe da criança do que daquilo que lhe dá. Se a mestra sabe receber, isto é, aceitar o aluno como ele é, atentar para o que ele traz ou necessita, então tudo dá certo. Como considerar novo o nosso método, se durante mais de dez anos, nós o aprendemos, nós o estudamos em um livro imenso e belo – a Criança. Nosso era só o empenho, o propósito de proporcionar às crianças que aprendiam a ler e a escrever uma situação emocional boa ou mesmo ótima, se possível. Mas isso só se consegue com um mínimo esforço de memória e um máximo de interesse.
Com estas palavras, Iracema Meireles apresentou seu método, pela primeira vez na imprensa, em entrevista à Revista do Ensino número 90, da Editora Globo de Porto Alegre, em março de 1963.
Iracema Furtado Soares de Meireles nasceu a 17 de março de 1907, em Recife e morreu a 9 de março de 1982, no Rio de Janeiro. Filha de Tito Lívio da Silva e Maria Joana Guerra da Silva. Foi casada com Silo Furtado Soares de Meireles, teve 2 filhos e 6 netos.
Criou um método de alfabetização e escreveu cinco livros: A Casinha Feliz, É Tempo de Aprender, Histórias da Vovó Marieta, Outras Histórias da Vovó Marieta e Novas Histórias da Vovó Marieta.
Da infância, em Recife, Iracema recordava com entusiasmo as histórias que lhe contavam SiáJoana e Siá Joaninha e as brincadeiras com o irmão Luiz pelos quintais das inúmeras casas em que morou. Tinha saúde frágil, razão pela qual aprendeu a ler em casa e só frequentou escola a partir dos oito anos. Iracema sempre se referiu com muito prazer ao fato de ter brincado livre e ter podido ler muitas histórias desde pequena, sem excesso de compromissos. As experiências da criança foram decisivas no pensamento da professora:
Criança tem que ter tempo de brincar… Brincar é coisa séria.
O brinquedo é uma forma embrionária de trabalho; quem observar uma criança brincando, verá que ela está tão compenetrada quanto um adulto desempenhando uma importante função.
Dever de casa tem que ser pouco; mais para criar hábitos de responsabilidade do que para reforçar a aprendizagem.
Dever de casa só faz sentido se a criança for capaz de fazê-lo sem ajuda dos pais. Que será dos pais que chegam tarde, cansados do trabalho? E que será das crianças cujos pais não sabem ou não podem ajudar?
Valorizava a participação da família nos estudos e pesquisas dos filhos, desde que isto não se tornasse um tormento. Iracema tinha muito clara a ideia da sobrecarga sofrida pela mãe que trabalha fora e deseja fazer uma carreira. Sonhava com escolas de tempo integral, em ambientes adequados, perto da natureza, oferecendo cuidados e educação de qualidade. Via isto como uma tarefa do estado, para todas as crianças.
Estudou na Academia Santa Gertrudes, em Olinda e no Colégio das Damas, em Recife. Com a mudança de sua família para Salvador, Iracema continuou seus estudos formando-se professora pelo Instituto Normal da Bahia em 1926. De volta a Recife, fez o Curso Pedagógico – equivalente hoje ao de Pedagogia – no Colégio Pritaneu. Desde cedo chamava a atenção pela capacidade de colocar questões e defender seus pontos de vista. Discutia os mais diversos temas e se destacava pelo respeito ao ser humano, independentemente de sua origem, credo e forma de ser.
Ainda jovem, conheceu a Europa, passando um bom tempo na França, na Alemanha e em Portugal, fato que certamente muito influenciou seu espírito em formação.
De volta ao Brasil, lecionou na rede pública de Pernambuco e também na particular.
Esteve próxima de camadas sociais distintas, vivenciando e debatendo problemas de toda ordem.
Embora de família católica e educada em colégio de freiras, entusiasmou-se com as ideias socialistas e aproximou-se do Partido Comunista, onde estavam muitos dos seus amigos. Engajou-se na luta por justiça social, imaginando poder colaborar para melhorar a vida das populações carentes. Sem ser radical, lutou por uma democracia que contemplasse os aspectos políticos, econômicos e sociais. Conheceu assim Silo Meireles – que era um dos chefes da revolução de 1935 em Recife – com quem viria mais tarde a se casar. Com a eclosão e o fracasso do movimento, Silo foi preso e Iracema demitida do serviço público do seu estado. Cursava então a Faculdade de Medicina.
Iracema interrompeu seus estudos e se envolveu nas lutas pela garantia de vida dos presos políticos. A repressão se intensificava, inclusive com ameaça de fuzilamento dos líderes da revolução. Silo permaneceu preso e incomunicável por dois anos. Neste período, Iracema acompanhou-o de longe, como pôde, levando a ele e a seus companheiros, pequenas encomendas e muitas mensagens disfarçadas. Casou-se por procuração com Silo Meireles, que foi representado no ato civil por seu irmão Cildo Meireles.
Depois de dois anos em cela úmida e escura, Silo encontrava-se com a saúde abalada. Transferido para uma prisão no Rio de Janeiro, e com o estado de saúde agravado, foi removido para uma prisão hospitalar, onde Iracema então passou a acompanhá-lo na condição de esposa.
Mais tarde, em 1944, já em liberdade, Silo aceita convite do amigo João Alberto Lins de Barros para trabalhar na Fundação Brasil Central em Caiapônia,GO. Iracema e os dois filhos, o acompanham. Nesta ocasião, Iracema volta a trabalhar em Educação, num grupo escolar da cidade, atuando voluntariamente.
Um ano depois, Silo é transferido para Uberlândia,MG. Nesta cidade, Iracema passa a lecionar em casa e alfabetiza a filha mais velha.
Em 1948 a família volta a residir no Rio de Janeiro.
Iracema gostava de campanhas, desafios, coisas assim. Divertia-se encontrando soluções alternativas para problemas clássicos de aritmética, álgebra e geometria elementares. Fascinada pelo binômio ensino/aprendizagem, desenvolvia com frequência, estratégias capazes de estimular e acelerar o aprendizado – fosse ele qual fosse – incluindo atividades lúdicas e multissensoriais. Nessa época dava aulas de matemática para alguns sobrinhos e para filhos de amigos.
Um dia chegou A, com 12 anos, analfabeto. Desanimado, parecia indiferente e conformado com a condição de incapaz. Iracema começou a conversar com ele e da conversa, saiu o projeto de construir um parque. Idas ao Jardim Zoológico da cidade, compras de material, a serrinha tico-tico não parava de subir e descer. Os bichos iam surgindo das mãos de Iracema e A. As conversas intermináveis iam dando em frases, que iam dando em palavras. As palavras eram partidas em sílabas. As sílabas iam sendo selecionadas para formarem novas palavras. A maquete do zoológico quase pronta, Iracema inventava situações de leitura e escrita e o menino aprendeu a ler, a escrever e a gostar de estudar. Para A, o problema estava resolvido. Com aulas particulares, ele venceu a defasagem idade/série. Tratava-se de uma dislexia, só muito depois identificada como tal.
Para Iracema, entretanto, o problema apenas começava. Ela, que adorava desafios, ficou extremamente motivada diante daquele desafio pedagógico: alfabetização de pessoas que, embora inteligentes, não aprendiam na escola como todo mundo.
O caso de A em particular e o analfabetismo existente no país, problema que sempre a preocupara, colocaram, deste momento em diante, a alfabetização no centro dos seus interesses pedagógicos.
Lia tudo a respeito, acompanhava as atividades da Escola Guatemala, a escola pública do Rio de Janeiro, onde se realizavam as experiências e os estudos pedagógicos mais avançados da época (anos 1950). A Escola Guatemala era o laboratório pedagógico do MEC funcionando em parceria com a secretaria de Educação do então Distrito Federal.
Em 1952 Iracema colabora na fundação do Instituto Santa Inez, em Lins de Vasconcelos, no Rio de Janeiro. Nesta escola, começa a desenvolver algumas ideias próprias, que põe em prática em pequenos grupos de crianças.
Percebe que a perfeita compreensão de um texto, depende crucialmente da competência do sujeito na identificação da palavra, que por sua vez depende da decifração do código fonográfico.
Percebe também que para a decifração do código é indispensável ensinar aos alunos, de forma explícita, as relações entre os sons da fala e as letras. Considera, entretanto, que a aridez e a arbitrariedade desse aprendizado é um enorme obstáculo a ser transposto.
Seu espírito irrequieto imagina, com certeza, alguma forma capaz de vencê-lo.
Começa a esboçar o que será seu futuro método. Para cada fonema cria um personagem cuja imagem exibe o grafema e sugere o fonema. Com este artifício, leva o aluno ao reconhecimento e à emissão isolada de cada fonema, ao reconhecimento e à reprodução de cada grafema e ao domínio das relações grafema-fonema.
No dia 5 de julho de 1954, fundou em Ipanema, no Rio de Janeiro, a sua própria escola (jardim de infância e alfabetização). Numa síntese brilhante do que entendia por educação de crianças, deu-lhe o sugestivo nome de Escola de Brinquedo.
Iracema transformava toda aprendizagem em jogo. Criava formas fáceis e divertidas de ensinar coisas difíceis. Encantadas, as crianças embarcavam com ela na maravilhosa aventura de aprender. Ela não deixava ninguém para trás. Uns mais depressa, outros mais devagar, todos chegavam, porque ela acreditava e punha em prática os recursos todos que um professor deve ter para ir buscar lá no fundo de cada criança aquele potencial às vezes adormecido, que para muitos passa despercebido. Acreditava que a aprendizagem determina também o desenvolvimento e não apenas o desenvolvimento determina a aprendizagem.
Na Escola de Brinquedo, ela pôde criar livremente no campo da alfabetização. Embora ainda se iniciasse o trabalho com algumas sentenças, as atividades de leitura e escrita se passavam fundamentalmente no nível das palavras e dentro delas. No jogo instigante da decifração do código fonográfico, iam se dando os encadeamentos que resultariam no seu método. As histórias, as frases e tudo mais convergia para o aprendizado das relações grafema-fonema. Daí, para a formação de palavras e frases e depois de pequenos textos.
Avançou então, e passou a contar as histórias em função de apresentar diretamente as letras. Foi uma ousadia para a época. Da história à letra e da letra à palavra.
As crianças aprendiam com tal rapidez que ela própria se admirava. Tinha chegado à história da Casinha Feliz, fio condutor que estimulava e conduzia o processo de alfabetização. Estava criado o método. Ainda não havia a cartilha.
Em 1961 aplica seu método em uma turma de alfabetização da Escola Municipal Artur Ramos, sob a direção da professora Francisca Horácio. A notícia do sucesso da experiência chega à Escola Guatemala e ao próprio MEC.
Em 1962, uma delegação do MEC acompanha a alfabetização de uma turma com o novo método na escola do Parque Proletário da Gávea. A professora Consuelo Pinheiro, que supervisionou o trabalho como delegada do MEC, registrou em relatório:
“O método de Iracema Meireles difere de qualquer outro processo de meu conhecimento”.
Com base nesse relatório, a professora Carmen Teixeira, diretora do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador BA, decidiu utilizar o novo método nas Escolas-classe da Escola Parque.
Como consequência desta experiência, em outubro de 1963, a pedido do professor Anísio Teixeira, foi feita a primeira edição da cartilha, com o nome de História da Casinha Feliz, em 3 volumes, 4 cores, ilustrada por Aldemar D’Abreu Pereira. A edição do INEP/MEC não podia ser comercializada.
A notícia se espalha e seu trabalho se expande. Leva para diferentes lugares a Casinha Feliz e vai contando suas histórias e ensinando a ler.
Assim Iracema chega às favelas da Catacumba, do Cantagalo e da Praia do Pinto, na zona sul do Rio de Janeiro. Na Escola Municipal Bombeiro Geraldo Dias ela alfabetiza crianças repetentes com distúrbios de conduta.
Estende seu trabalho aos adultos e alfabetiza doentes de tuberculose no Hospital de Curicica, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
No Rio Grande do Sul, alfabetiza soldados.
É convidada para alfabetizar uma turma de jovens no Curso Supletivo na Escola Municipal Dr. Cócio Barcelos, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Começa a ser convidada para outros estados e viaja por quase todo o país, alfabetizando e ensinando a alfabetizar.
Da ação política e pedagógica para a ação pedagógica-política.
O rompimento do seu marido com o Partido Comunista, mais precisamente com a linha adotada por Prestes em 1945, levou Iracema a afastar-se completamente da militância político-partidária.
Como era uma pessoa extremamente ligada às questões sociais, Iracema fez da ação pedagógica o seu instrumento de luta política. Aquela jovem militante de esquerda do passado desloca o eixo de sua atuação. É categórica:
Minha luta política é pela alfabetização dos brasileiros.
Afirmava que a alfabetização é condição quase imprescindível para a conscientização do indivíduo e entregou-se de corpo e alma à tarefa da alfabetização popular.
Acreditava que a alfabetização – numa sociedade letrada – é o primeiro passo para a cidadania. A luta de Iracema pela escola pública se deu no corpo a corpo com o aluno. Passou toda a sua vida indo aos lugares, os mais distantes, para atender a um chamado. E eram muitos, no Brasil inteiro.
Iracema Meireles era antes de tudo, uma professora. Estudava muito, lia muito, fez outros cursos, como, por exemplo Fonoaudiologia, mas seu objetivo foi sempre aprender mais para ensinar melhor. Manteve sempre a capacidade de escutar e respeitar o aluno. Trabalhou atenta às suas dificuldades e diferenças individuais.
Confirmou suas inquietações com a condição de marginalização a que ficam relegados aqueles que têm baixo ou nenhum poder aquisitivo.
No Primeiro Congresso Brasileiro de Terapia da Palavra, em 1969 no Rio de Janeiro, fez pronunciamento centrado na alfabetização. Em determinado momento ressaltou:
Num país como o nosso, onde o analfabetismo desgraçadamente atinge índices tão altos, o problema da alfabetização do adulto apresenta-se de magna importância. Pode e deve ser considerado verdadeiro problema de defesa da nossa nacionalidade. Na qualidade de velha professora primária, cuidando nos últimos anos da alfabetização, não posso deixar de voltar os olhos com tristeza para o analfabeto adulto de nossa terra, vendo-o tão numeroso, quase às portas do último quartel do século xx.
Foi condecorada em 1971 com a Medalha do Pacificador, conferida pelo Ministério do Exército, em virtude dos relevantes serviços prestados à alfabetização de soldados. Ao caminhar pelo Brasil, marcou uma trajetória de iniciativas e ações dedicadas à educação e à questão social.
Lutou tenazmente pela dignidade do ser humano que precisava tornar-se um leitor consciente e participativo nas mudanças do seu país.
Criou um método de alfabetização completamente original, profético em vários sentidos.
O Método Iracema Meireles é aplicado no Brasil e no exterior, em amplitude considerável, e sempre com enorme sucesso
* Eloisa Meireles é co-autora de todo o material do Método Iracema Meireles.
ELOISA MEIRELES
Eloisa é professora, pedagoga e arte-educadora.
Criou e coordenou o Projeto Ler pra Valer de incentivo à leitura em escolas públicas do Rio de Janeiro.
Colaboradora de Iracema Meireles na criação do Método, co-autora das cartilhas A Casinha Feliz e É Tempo de Aprender e dos livros Novas Histórias da Vovó Marieta e Outras Histórias da Vovó Marieta.
Dedica-se à alfabetização de crianças, jovens e adultos e especializou-se em alfabetização de pessoas portadoras de dificuldade de aprendizagem.
Coordena a equipe pedagógica responsável pela implementação do Método Iracema Meireles. Presta assessoria a instituições públicas e particulares – escolas, organizações não governamentais, secretarias de educação – em todo o país. Organiza cursos para formação de professores especialistas no Método.
É hoje a única responsável por todo o material didático do Método Iracema Meireles.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de junho de 1940.
eloisa@acasinhafeliz.com.br ou eloisameireles@gmail.com
21 99922-3550
SILO MEIRELES
Silo era engenheiro, mas dedicou os últimos 6 anos da sua vida à causa da alfabetização.
Costumava dizer brincando que, “como um louco visionário, um Colombo sem caravela e sem Rainha de Castela,” saiu navegando pelo mundo afora em busca de uma resposta às suas inquietações sobre o assunto. Foi navegando na internet que fez grandes descobertas.
Descobriu, por exemplo, que todos os países desenvolvidos de escrita alfabética utilizam método para alfabetizar. Descobriu que todos os países “alfabetizados” usam métodos fônicos para alfabetizar, desde a distante Finlândia até a vizinha Cuba. Descobriu que os dois únicos países que rejeitam os métodos fônicos e ainda tentam alfabetizar sem método, o Brasil e o México, têm grande número de analfabetos. Foi navegando e descobrindo conceitos, revelando pesquisas e achados que confirmam a importância e a atualidade do Método Iracema Meireles. Descobriu que os países ricos como a Inglaterra e a Alemanha usam cartilhas para alfabetizar e que estas cartilhas são muito semelhantes à nossa Casinha Feliz!
Silo apresentou suas pesquisas no Rio, em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais.
Escreveu sobre educação pública e teve seus artigos publicados em jornais de todo o país.
Criou dois personagens: Ergógiro Dantas e Ascenso Furtado.
O primeiro, um cidadão comum, morador do Largo do Machado, comentava os acontecimentos em geral. O segundo, um pedagogo aposentado, escandalizado com o descalabro da Educação no Brasil de hoje, fazia comentários críticos sobre o tema.
Em ambos percebia-se a verve irônica e bem humorada de Silo.
Sua memória para nós é muito cara, entre outras coisas porque foi ele quem, com seu espírito curioso de incansável pesquisador, mostrou que o Método Iracema Meireles – criado durante os anos 1950/60 – está em sintonia com os mais avançados do mundo.
Silo era engenheiro, tinha mestrado em Informática. Trabalhou na Portobrás e na COBRA – Computadores Brasileiros. Em 1999 fundou a Editora Primeira Impressão para editar os livros de alfabetização do Método Iracema Meireles.
Silo nasceu em 23 de maio de 1944 e faleceu em 14 de setembro de 2006 no Rio de Janeiro.